domingo, 19 de junho de 2011

Autoestima agredida

Essa semana, estávamos assistindo aos telejornais na redação, quando vimos uma garota que havia sido espancada pelo namorado dando uma entrevista sobre o caso e, a despeito de estar praticamente com os olhos fechados de tanto apanhar, ela ainda chorava e dizia que o amava. Claro que as reações de todo mundo (incluindo a minha) foram as mais variadas, mas todas tinham algo em comum: o espanto em ver que, a despeito de ter sofrido uma violência, a moça ainda queria voltar para seu agressor.
Acredito que todo mundo saiba de um caso de uma mulher agredida. Quando fiz faculdade, tive duas amigas que constantemente apareciam com hematomas nos braços, e sempre vinham com a mesma justificativa: os namorados as tinham “puxado de maneira brusca” de algum lugar, e por isso elas estavam com marcas roxas. Uma delas, inclusive, parecia ter orgulho em contar que isso sempre acontecia quando ele sentia muito ciúmes dela. Uma vez presenciei uma dessas crises, quando ele quebrou o volante do carro no murro porque ela havia cumprimentado um colega. Quando fui alertá-la de que esse tipo de comportamento furioso poderia ser perigoso, recebi como resposta que eu estava “com inveja” porque meu então namorado não tinha ciúme de mim.
A agressão à mulher é bastante comum no Brasil, até mesmo porque a grande maioria tem vergonha de denunciar o companheiro. O que mais espanta nesses casos é que muitas tentam justificar o ato de violência. “Eu o provoquei”, “ele não é assim normalmente”, “ele havia bebido”, são frases comuns que ouvimos quando essas mulheres, normalmente machucadas, tentam convencer aos outros (e principalmente a si mesmas) de que aquela violência não vai mais acontecer.
A cantora Rihanna, que teve o rosto amassado pelo também cantor Chris Brown, reatou o namoro assim que os machucados sararam. Pouco tempo depois, ela novamente terminou o relacionamento, e em uma entrevista muito corajosa, disse que sentia vergonha por ter voltado com quem a havia agredido. Como pessoa pública e ídolo de milhares de adolescentes, Rihanna fez uma mea culpa, ao dizer que sua atitude poderia dar a entender que ser agredida era normal – o que não é.
A sociedade brasileira, que ainda tem muito machismo em sua raiz, não estigmatiza o homem que bate na mulher. Por isso vemos tantas tragédias anunciadas, quando mulheres que constantemente são agredidas acabam sendo mortas por seus pares. Acredito que essas mulheres sofrem de um problema muito maior do que apenas a violência: a autoestima agredida. E, enquanto essa autoestima não for reavaliada, dificilmente a agressão física deixará de ser um hábito, para se tornar o que realmente é: um crime.

2 comentários:

Ange Ferraz Ferraz disse...

É realmente uma pena que anda hje aconteça isso, nasci em uma década em que a mulher se casava e tinha que aceitar os maridos estupidos com elas, e ainda ficarem caladas, ainda bem que o mundo mudou e mesmo tendo nascido e aprendido ser dessa forma (a qual fui muitos anos de minha vida) hoje me julgo uma vitoriosa de pode relatar que as coisas podem mudar, é só acordar pra vida e acreditar que somos seres inteiros e não precisamos do outro, estaremos com um amor quando ele nos respeitar e nos tratar com respeito!!!É isso que levmaos da vida RESPEITO primeiro a mim depois aos outros....

Anônimo disse...

olha, dificil falar, sou empresaria,curso superior,estou (estava) com meu marido ha 15 anos, tenho dois filhos, meu marido sofre de transtorno bipolar do humor , nunca se tratou, bebe e fuma maconha a 25 anos...sempre sofri violencia psicologica e confesso que fiquei com minha auto estima afetada. faz uma semana ele me agrediu fisicamente, me ameaçou a vida e de roubar meus filhos. fiz um b.o. e estou protegida por uma medida cautelar (a lei maria da penha)agora, ele está buscando ajuda com psiquiatra, diz estar arrependido, e só quem passa , sente na pele o que é isso, não sei explicar mas parece que você tem culpa por ter sido agredida, é estrannho....