sexta-feira, 29 de abril de 2011

E a "sapa" virou princesa...

Nos últimos dias, o assunto que tomou conta de todas as mídias foi o casamento do Príncipe William com Kate Middleton. Não tem como fugir do tema, que ainda deve render muitas matérias, após a cerimônia que acontece hoje pela manhã. Tenho ouvido muita gente falar que não aguenta mais ouvir falar no enlace, que vem sendo considerado o casamento do ano.
Guardadas as devidas proporções, o mesmo frisson tomou conta do mundo por ocasião das bodas de Diana e Charles, em 1981. Tinha nove anos, e lembro-me perfeitamente de ter assistido a cerimônia pela televisão. Imagine o que significava para uma menina de nove anos ver um casamento de princesa “de verdade”! Aos meus olhos de criança, Diana personificava todas as personagens que eu tinha visto nos livros, e havia encontrado seu príncipe encantado.
Li em vários lugares comparações entre a futura princesa e Diana. Exceto pela beleza de ambas, que não podemos desconsiderar, acredito que Kate se equipara muito mais à Camila Parker Bowles, a segunda esposa de Charles, por quem ele sempre foi apaixonado e não hesitou em abdicar do trono para ficar com ela.
Feia, desengonçada, velha, mal arrumada. Inúmeros foram os “adjetivos” usados pela imprensa para descrever Camila, que esperou pacientemente por mais de 30 anos para casar com o então herdeiro do trono inglês. Finalmente, em 9 de abril de 2005, em uma cerimônia discreta e curta (apenas 25 minutos), ela conseguiu ficar com o homem que sempre amou, mesmo enquanto esteve casada.
Kate esperou apenas oito anos para se tornar princesa. Desde sempre, definiu para si mesma que iria conquistar William. Assim como ela, milhares de inglesas tinham o mesmo sonho. A diferença é que Kate foi atrás do seu objetivo: matriculou-se na mesma universidade que ele, e foi conquistando William aos poucos. Nesses oito anos, o príncipe já chegou a ser flagrado em uma boate com a mão nos seios de outra mulher – como um “remake” de seu pai, que teve um telefonema um tanto erótico dado à Camila descoberto e divulgado ao mundo todo. Mesmo com o escândalo e a repercussão da foto no mundo todo, Kate ficou firme e manteve o namoro. Um objetivo maior a movia: a coroa de princesa, que ela finalmente conseguiu.
Como Camila, que esperou Charles casar, divorciar, enfrentar a família real e a opinião pública inglesa, para finalmente ficar ao seu lado, a futura Lady Kate (Tô Podeno!) deve ter aguentado muita coisa para estar hoje no trono mais ambicionado da Europa, dentro da monarquia mais famosa do mundo. Diferente dos contos de fadas, onde a princesa esperava apenas pelo beijo do príncipe para selar o amor, Kate saiu do posto de simples ‘sapa’ para ganhar o glamour da realeza. Um conto de fadas moderno, sem dúvidas, e que até o momento teve o final feliz que todos esperavam.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Verdades (?) que não aceitamos

Existem verdades universais que, de tão aceitas e assimiladas pelas pessoas, causam espanto e até mesmo briga quando contestadas por aqueles que não acreditam nelas. Uma delas, e talvez a mais famosa, seja a história da chegada do homem à lua, teoricamente ocorrida em 20 de julho de 1969.
Sou do grupo de pessoas que não acredita que o homem chegou à lua. Não pretendo aqui fazer valer minha teoria com argumentos, mas basta uma breve pesquisa na internet e é possível navegar por milhares de sites que apresentam provas de que o famoso voo simplesmente é uma farsa.
Muita gente, ao me ouvir admitir essa minha “não crença”, espanta-se e me critica. Já ouvi frases do tipo “como uma pessoa que lê tanto pode ser tão ignorante?” até “eu esperava mais de uma jornalista”. Como minha crença não se baseia apenas no “achismo”, mas sim em muita pesquisa, mantenho meu ponto de vista sem me sentir ofendida por quem não acredita em mim, e nem tento fazer com os outros pensem como eu.
A ideia de que o homem não chegou à Lua faz parte das chamadas “teorias da conspiração” que pipocam aos milhares em todo o mundo. Outra dessas verdades universais que já vi sendo muito contestada é a de que o terrorista Osama Bin Laden organizou sozinho todo o ataque ao World Trade Center e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001.
Para muita gente, os sequestros dos aviões e os atos terroristas daquele dia fazem parte de um plano orquestrado pelo próprio governo americano para justificar uma invasão ao Afeganistão. Interessante nessa história é que, a despeito de todo poder de fogo da potência americana e das buscas incessantes pelo terrorista mais famoso do mundo, ele ainda não foi encontrado. Será que ele está tão escondido assim, ou na realidade protegido?
Verdades universais nem sempre são irretocáveis. Em 2003, os Estados Unidos conseguiram convencer boa parte da população mundial de que o Iraque possuía armas de destruição em massa, e uma invasão ao país de Saddam Hussein era totalmente para que o líder do país árabe fosse desarmado. Como se viu depois, as famosas provas não existiam, e a presença americana no país é um grande problema que Barack Obama ainda não conseguiu resolver.
Alguém pode estar se perguntando agora: mas quase 42 anos depois da chegada do homem à lua, essa mulher ainda não acredita em todas as imagens e vídeos divulgados no mundo todo? Ainda não. Para mim, essa história se encaixa nas verdades retocáveis – apenas não sei se isso vai acontecer enquanto eu for viva. Mas minha crença, tenho certeza, vai morrer comigo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sem direito de reclamar

Tenho uma premissa de jamais ir ao cinema às quartas-feiras. Por ser o dia da famosa meia-entrada, todas as sessões são lotadas, principalmente de adolescentes que aproveitam o preço baixo para reunir a “galera” e fazer um programa barato. Por isso, contra tudo aquilo que preconizo, resolvi na última quarta-feira ir ao cinema assistir “As Mães de Chico Xavier”. Prefiro não citar o nome do cinema, mas acredito que muita gente vai identificar imediatamente de qual sala estou falando.
Para minha surpresa, ao chegar ao cinema, vi que o filme não estava mais em cartaz. Ao perguntar a atendente o que havia acontecido, fui informada de que o filme havia sido retirado desde terça-feira. Como sou eu quem atualizo a programação de cinema do jornal, sabia que, de acordo com o material recebido, o longa deveria estar sendo exibido até ontem. Ou seja, três dias antes do previsto, o cinema simplesmente decidiu retirá-lo de cartaz. Ao entrar no site para conferir a programação, vi a seguinte mensagem: “Nossa programação poderá sofrer alterações sem aviso prévio”.
Assim, descobri que, se eu quiser ir a uma sessão de cinema, devo antes checar na internet se o filme ainda está em cartaz, porque corro o risco de chegar lá e não conseguir assistir o que pretendia. O aviso no site, em minha opinião, mostra a mais pura falta de respeito com quem deveria ser respeitado acima de tudo: o cliente. Porque, com esse aviso, o cinema nos tira o direito mais sagrado que temos como consumidor – o de reclamar.
Ao contrário de boa parte das pessoas, não sou frequentadora de shopping center. Só vou mesmo quando preciso comprar algo, ou assistir um filme. Caso contrário, fico meses sem pisar meus pés em qualquer shopping. Nunca gostei, nem mesmo quando era adolescente, de ficar batendo perna e olhando vitrines. Por isso, quando percebi que não poderia assistir ao que queria, fiquei ainda mais irritada por ver que havia também desperdiçado o dinheiro do estacionamento. Não tinha ido ao shopping e aproveitado para ir ao cinema. Estava ali apenas por um filme, e nada mais.
Assim como eu, outras pessoas na fila também queriam assistir o longa de Chico Xavier, e sentiram-se frustradas. Acho que a maior frustração foi ver que, mesmo sabendo que mudar uma programação sem sequer mandar uma notinha às mídias é um desrespeito ao seu cliente, ainda assim eu não tinha o direito de questionar nada. A mensagem do site era clara, e nas entrelinhas podemos entender o seguinte: podemos mudar o que quisermos, e azar de quem perdeu tempo e dinheiro vindo até aqui. Infelizmente perdi, nessa questão, o direito de reclamar. Posso apenas, a partir de agora, ir a outro cinema, onde a programação seja respeitada de acordo com o divulgado. Pena que nem todo mundo aja assim. Caso isso acontecesse, imagino que situações como essa se repetiriam bem menos na nossa região.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sem heroísmo, com garra

Amanhã é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Pode parecer que não, mas há muitos motivos a se comemorar nesse dia. As chances de cura, principalmente nos casos em que a descoberta da doença ocorre no início, têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. A sobrevida também é maior, novos medicamentos têm sido desenvolvidos e muitas pesquisas são realizadas para que os efeitos da quimioterapia sejam minimizados e os doentes possam passar pelo tratamento sem tantos efeitos colaterais.
Quando tive câncer a primeira vez, em 2003, minhas chances eram de 90% de cura. Em 2008, na segunda, elas haviam caído para 50%. Ainda assim, consegui ficar curada de novo seis meses, contrariando prognósticos que me colocavam na cama por pelo menos um ano e meio. Fiquei durante mais nove meses fazendo cirurgias plásticas, mas da doença eu estava livre.
Acho engraçado que se criou uma imagem hoje de que o doente de câncer é um herói e enfrenta tudo com uma coragem fora do comum. Não acho que o doente de câncer seja um herói, e falo isso por mim. Lutei com muita garra para ficar curada, procurava sempre ter fé e acreditar que tudo ia acabar bem. Tentei mostrar sempre uma imagem de positivismo, até porque reclamar e me lamentar não iria resolver absolutamente, e agir assim não é do meu perfil. Teria sido muito mais fácil adotar o papel de “coitadinha” que está doente pela segunda vez, e ninguém iria me recriminar. Mas acredito que o bom humor e o alto astral ajudam a cura – claro, são coadjuvantes do tratamento, que é o mais importante de tudo. Não me vejo como heroína – até porque acho isso injusto com quem não conseguiu vencer a doença. Quer dizer que essa pessoa não batalhou como eu? Claro que não. Infelizmente, há casos sem cura, independente do quanto a pessoa lute por ela.
Também existe uma corrente que credita todo e qualquer tipo de tumor a problemas psicossomáticos, principalmente a mágoas guardadas. Ou seja, além de estar doente, a culpa é da própria pessoa, que foi incapaz de perdoar alguém. Como se ela estivesse sendo castigada, a doença vem para mostrar que é preciso mudar, ter o coração mais leve e, principalmente, saber perdoar a todos. Se isso fosse realmente verdade, como existem casos até de bebês que têm câncer? Será que uma criança de poucos meses já tem ressentimento suficiente para desenvolver essa doença terrível?
O paciente de câncer não vira santo porque teve a doença. Não passei a acordar todos os dias e achar o mundo maravilhoso e perfeito porque sobrevivi. Mudei muitos conceitos, e acredito ser uma pessoa melhor. Mas não mudei minha essência nem meus valores, e em algumas situações me tornei até uma pessoa mais intolerante. Isso não significa que não tenha aprendido nenhuma lição. A mais importante é que procuro viver todos os dias da melhor maneira possível. Posso errar, mas procuro acertar. Não virei santa nem heroína. Sou apenas alguém que sobreviveu.