domingo, 20 de novembro de 2011

Natal muito antecipado

Pouco passamos do meio do mês e os enfeites e músicas de Natal já tomam conta de lojas, ruas e casas. Em outubro me lembro de ter visto a primeira propaganda de Natal, enquanto assistia a um seriado num canal pago. Achei interessante aquela propaganda, jogada no meio da programação, e ainda lembro que pensei que o canal estava bem adiantado em relação aos outros. Pouco tempo depois, em outras emissoras, vi que o espírito natalino também já havia chegado.
A sensação que tenho, com o passar dos anos, é que o tempo agora anda numa velocidade muito acima da média. Lembro-me que, quando criança, eu ficava esperando ansiosa para chegar essa época do ano – e ela somente chegava em dezembro mesmo! Meus pais tinham o costume de comprar nossos presentes um mês antes do Natal, e parecia uma tortura sem fim ver aquela caixa fechada, que somente poderia ser aberta no dia certo.
Hoje parece que o Natal chega cada vez mais cedo. Ruas enfeitadas e músicas natalinas em outubro, quando mal saímos do Dia das Crianças, na verdade me lembram do consumismo desenfreado que se tornou a data mais importante do mundo cristão. Sempre deixamos para a última hora para comprarmos todos os presentes, mas isso não impede que as lojas estejam desde já fazendo mil ofertas mirabolantes com promessas de primeiro pagamento apenas em janeiro, ou seja, em 2012. O problema é que, na velocidade de hoje em dia, o ano que vem está cada vez mais próximo.
Com isso, acredito que a grande magia do Natal esteja cada vez mais perdendo seu encanto, principalmente para os adultos. Crianças sempre vão se encantar com a figura do Papai Noel, com as renas, com a árvore de Natal enfeitada, com todos os símbolos dessa data. Quanto mais esse espírito persistir para elas, melhor. Afinal, a expectativa de saber que os presentes estão chegando é tão gostosa quando ganhar o presente em si.
Para muitos adultos, porém, acredito que essa chegada cada vez mais antecipada do Natal pode trazer aquele sentimento de urgência que todos temos quando mais um fim de semana se aproxima. Faltando apenas 35 dias para o aniversário de Jesus Cristo, já nos vemos às voltas com as preocupações do que comprar, para quem, e com quanto. Acredito que o verdadeiro espírito cristão ainda não tocou a grande maioria dos corações. Queria ter sentido aquela coisa gostosa de quando criança, em que a visão do Papai Noel me lembrava da reunião na casa dos meus avós e a alegria de abrir o presente tão esperado. Infelizmente, apenas senti ainda a urgência de que o tempo está passando depressa demais – sem nos dar tempo de verdadeiramente sentirmos a importância dessa data.

sábado, 5 de novembro de 2011

USP envergonhada

Temos acompanhado em todas as mídias a invasão da USP (Universidade de São Paulo) pelos estudantes que são contrários à presença da PM (Polícia Militar) no campus. Estudantes esses que, nas imagens mostradas, estão sempre com o rosto coberto, igualzinho às cenas que vemos em rebelião de presídios. Estudantes esses que se consideram cabeças pensantes, mas não hesitaram um segundo antes de vandalizar um prédio público, esquecendo de que esse patrimônio não pertence somente a eles, mas a toda uma cidade universitária. Estudantes esses que, usando uma pseudo defesa de liberdade e fazendo um discurso velho de que a Polícia é violenta, querem ter o direito de usar drogas dentro de uma instituição pública sem serem incomodados.
Ou muito estou errada ou a droga ainda não foi descriminalizada no Brasil. Portanto, usar drogas em espaços públicos é um ato passível sim de punição. Se uma pessoa estivesse fumando maconha em uma praça, ela seria levada pelos policiais do mesmo jeito. Se estivesse usando crack, também seria levada. Qual a diferença entre esses viciados e esses estudantes da USP?
Mas o pior ponto para mim não está aí. Eles querem segurança – desde que não seja a Polícia. Claro, se for particular, não vai prender a moçada que curte ficar fumando seu baseado tranquilamente no campus. Quer fumar uma droga ilícita? Fuma em casa, na república, no vizinho. O que não se pode aceitar é que uma minoria exija que a maioria fique sem segurança. Esses estudantes alegam estar se manifestando em direito dos colegas. Se estão mesmo, por que não mostram a cara? Por que se comportam como bandidos? Para que vandalizar um prédio público?
Ironia que esses mesmo estudantes sempre batam no peito criticando o individualismo. Quer atitude mais individualista que achar que meus colegas podem ser assaltados, estuprados e até mesmo mortos, desde que eu possa fumar meu baseado sossegado? O que podemos esperar de estudantes que se acham no direito de paralisar uma universidade porque querem usar drogas livremente em seu campus?
Esses mesmos alunos esquecem que a droga vem de um traficante, que traficante é bandido e que se tiver de matar a sua família por causa de uma dívida de dez reais, vai matar sem pensar duas vezes. Eles esquecem que junto ao tráfico vem roubo, vem mortes, vem toda uma cadeia de crimes hediondos cada vez mais difíceis de serem controlados. Agora, fica a pergunta no ar: se um desses mesmos “manifestantes” for assaltado, estuprado ou morto, a quem vai se pedir que o crime seja elucidado? Aos traficantes?
No momento em que esse artigo está sendo escrito a última notícia que temos é que eles devem deixar o campus até às 17h deste sábado. Talvez a solução já tenha sido encontrada, talvez eles tenham saído pacificamente, ou talvez tenha havido outro confronto com a Polícia. Independente do que houve, o resultado será o mesmo: esses estudantes envergonharam o país. Se realmente se orgulhassem do que estão fazendo, teriam mostrado a cara e não se escondido como os bandidos com quem lidam quando vão comprar drogas.