Sou uma
pessoa que tenho uma enorme fé em Deus, rezo todos os dias a Ele agradecendo
pelas coisas boas que me acontecem – e são muitas! –, assim como também tenho
meus momentos de fraqueza, quando peço a Ele que me ilumine para encontrar a melhor saída para a resolução de problemas que me aparecem pelo caminho.
Mas, a
despeito de ter muita fé, não frequento nenhuma igreja ou templo. Sou católica
por formação, tendo sido bastante influenciada por meus avós, que eram o que
hoje consideramos carismáticos, pessoas a quem os ensinamentos do catolicismo
não podiam ser desrespeitados de maneira nenhuma. Como não concordo com alguns
dogmas da Igreja Católica, acabei me afastando das missas dominicais e grupo de
oração que costumava frequentar, mas mantive minha fé em Deus inabalável.
A busca por
uma divindade hoje está mais forte do que nunca. Basta olharmos os dados de
crescimento dos fiéis, principalmente nas igrejas evangélicas, muitas delas
recém-criadas e que já conquistaram um número considerável de membros, a
despeito dos poucos anos de existência. Acho positivo quando uma pessoa
encontra seu lugar em qualquer religião, principalmente quando ela encontra
aquilo que todos mais buscamos, que é a paz de espírito.
Porém, o que
tenho notado é o crescimento desenfreado de um fenômeno já conhecido como
“Teologia da Prosperidade”, ou seja, eu dou dinheiro à igreja, que ele será
multiplicado. Muitos dos que se chamam de “fiéis” buscam a religião apenas para
que a vida financeira seja resolvida, esquecendo-se que os valores religiosos
são muito maiores que apenas dinheiro. Sim, Deus quer que sejamos prósperos.
Mas, acima de tudo, Deus quer que tenhamos fé e pratiquemos o bem.
Interessante
também notar que muitos desses novos fiéis, depois que “encontram Deus” (ou
Jesus), se acham com todo direito de julgar o modo de vida daqueles que não
seguem os seus conceitos de moral. Vi muita gente julgando os jovens da boate
Kiss, dizendo que “se estivessem em casa ou na igreja” a tragédia não teria
acontecido, como se fatalidades fossem um castigo de Deus, e não, muitas vezes,
consequências de descasos de autoridades, tão comum em nosso país. As pessoas se esquecem que acidentes, fatalidades ou tragédias podem acontecer em qualquer lugar, até mesmo dentro de casa. Se esse tipo de pensamento absurdo fosse correto, o teto da igreja Renascer não teria desabado na cabeça dos fiéis, e nem aquele ônibus de visitantes à Aparecida do Norte teria se acidentado, matando todo mundo carbonizado. E onde está escrito na Bíblia que se divertir, sem prejudicar os outros, merece algum "castigo divino"?
Engraçado também ver que essas pessoas acham que apenas os membros da igreja a qual pertencem
estão salvos, esquecendo-se que existem pelo menos mil diferentes religiões
pelo mundo. Acredito ser muita arrogância ter a certeza absoluta de que apenas
um determinado grupo está sendo olhado por Deus, como se o restante vivesse em
pecado mortal. Esse “excesso de fé” é que me decepciona. Meu Deus é de amor e
aceitação, e não de vingança ou exclusão. Em minha concepção, Ele ouve todas as
línguas e religiões, sem distinção, porque, acima de tudo, somos todos seus
filhos.