sábado, 28 de novembro de 2009

Emoções que vivi... chorando e sorrindo!

“São tantas emoções”. E são mesmo. Ontem realizei um sonho: fui ao show de 50 anos de carreira do Roberto Carlos. Não nego que sou fã do Rei, adoro suas músicas, principalmente as das décadas de 70 e 80 quando, mesmo criança, já ouvia e ficava encantada com as letras que hoje vejo que não entendia nada em suas mensagens subliminares.
Mal a orquestra iniciou os primeiros acordes de “Emoções”, não me segurei e comecei a chorar. Tanta emoção assim por causa do Rei? Também, mas todo um contexto fez passar um filme em minha cabeça: estava realizando um sonho antigo, e pensando em quantos obstáculos em minha vida eu havia superado e que, há poucos mais de um ano, eu não tinha certeza se teria condições físicas para assistir um espetáculo desses.
E Roberto Carlos vale o que significa. Maior prova estava na mistura do público: adolescentes em meio aos sessentões, todos juntos cantando os sucessos antigos da Rei. Um grito de “lindo” às vezes se destacava na multidão, vindo de alguma mulher mais entusiasmada com aquele senhor de 68 anos que tão bem soube (e ainda sabe), em suas mais de 500 composições, cantar o amor, a mulher, a família, e até mesmo a fé, característica sua famosa por seu catolicismo devoto.
A sincronização entre seus gestos e as imagens do telão impressionava pelo profissionalismo de sua equipe. A orquestra, que sempre merece um destaque carinhoso em seus espetáculos, mostra em cada música porque o acompanha há tantos anos. E Roberto conversa com a plateia como se estivesse compartilhando segredos com um velho amigo.
Difícil descrever qual seria o ápice do show. A própria entrada dele já emana uma energia que contagia e faz arrepiar. Para as mulheres, o sonho de pegar uma rosa começa a se materializar quando os seguranças saem das laterais do palco, deixando o vão existente entre as primeiras mesas e o cantor livre para que elas se posicionem. As mãos estendidas, elas esperam uma das cerca de 200 flores, entre vermelhas e brancas, que ele carinhosamente beija e atira à multidão, ou coloca na mão de uma felizarda.
Para finalizar: como imprensa, fiquei num camarote longe do palco, e nem em sonho poderia estar na multidão para disputar uma das rosas. Na saída, ao chegar ao carro da reportagem, encontro a americanense e fã do Rei Eliane Corral, uma privilegiada que conseguiu duas flores. Ao ver isso, brinquei que ela deveria me dar uma pétala. “Não, eu vou te dar uma rosa. Pode escolher”. Escolhi a branca. Foi emoção demais, entre “tantas emoções” de uma noite inesquecível.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Nada é tão ruim...

... que não possa melhorar. Sim, a verdade é essa. Estamos acostumados a ouvir que “nada é tão ruim que não possa piorar”. E tem momentos em nossas vidas em que isso parece a mais pura verdade, quando muitas coisas começam a dar errado ao mesmo tempo, e a cada dia que passa uma novidade negativa mina nossa vontade de reagir.
E não reagir é muito, mas muito mais fácil, do que buscar uma saída para o que nos incomoda. É mais cômodo ficar reclamando, estressado, estressando todo mundo em volta, do que levantar a cabeça e dizer: sou mais forte que isso. Fico muitas vezes nisso, e tenho consciência de que a pessoa mais atingida por esse comportamento sou eu mesma.
O mais interessante é perceber que, quando uma fase ruim se inicia em nossa vida, nada parece mais ser legal. Se o relacionamento amoroso vai mal, o trabalho passa a ser um sacrifício, o convívio com os amigos uma tortura, as reuniões familiares um tédio. Se o problema é no trabalho, saímos da sala para sentar em outro lugar e falar sobre isso, trazendo muitas vezes para a mesa do bar aquilo que devíamos ter deixado para trás quando batemos o cartão de ponto. Se o stress é familiar, ao invés de darmos um tempo dos encontros rotineiros, vamos a eles já nervosos ante à perspectiva de um fim de semana estragado.
Deixamos de perceber que existem muitas coisas boas acontecendo ao nosso redor. Um bate papo descontraído com os amigos não merece mais nossa atenção, nem aquele momento de carinho com a pessoa amada. E ficamos reclamando, reclamando, reclamando, sem parar, mas sem também mudar.
Mas chega o momento em que a luz da razão acende e, quando isso ocorre, temos de decidir entre continuar reclamando ou sair desse ciclo. Sair da posição cômoda de vítima das situações e entrar no papel de senhor delas é difícil. E falo que é difícil para todo mundo. Vemos aquelas pessoas que parecem não ter medo de nada que é desconhecido e pensamos: como elas conseguem?
Pois essas pessoas têm medo sim, e tanto quanto a gente. Medo da mudança, das consequências de se arriscar em um novo futuro, de se deixar para trás aquilo tudo ao qual nos apegamos e acostumamos quando temos a vida aparentemente organizada. A diferença é que esses corajosos veem o medo não como um inimigo indestrutível, mas como um desafio que pode ser vencido.
Reclamar faz parte da vida. Achar que tudo está dando errado também. Mas o que não faz parte, e nem deve nos dominar, é a posição de acomodados que tão bem nos serve quando pensamos nos riscos que temos de correr. Para isso, temos sempre ao nosso lado pessoas mostrando que vale a pena arriscar. Basta seguir o bom exemplo. Afinal, para ser o coitadinho, há muita concorrência.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O ápice da vulgaridade

Essa semana estava indo trabalhar e liguei o rádio para me distrair. Gosto de ouvir a Jovem Pan e por acaso estava no horário do Pânico. Peguei a entrevista pelo meio e ouvi umas garotas de um grupo de techno brega (o que é isso?) chamado As Apimentadas falando sobre sua “carreira”.
Sem falso moralismo, achei que o que estava ouvindo era o ápice da vulgaridade. A música de lançamento das moças chama “Melô da Cadelinha” e a letra é o maior hino que vi até hoje à submissão e humilhação de uma mulher. Pode até ter gente que vá ouvir e achar que no fundo, no fundo, toda mulher gosta mesmo de ser uma cadelinha, mas aí vai da concepção que cada um tem de si e do respeito que busca perante os outros.
Para melhorar, o clip das garotas foi feito em pleno Centro de São Paulo, com todas nuas. E a ideia nem é original, porque um grupo na França já fez a mesma coisa! Com uma diferença: lá, não houve tumulto por causa das mulheres sem roupa na rua. Aliás, achei isso até interessante, porque no Brasil, onde andar quase sem roupa é visto com naturalidade, nos últimos tempos temos visto que os homens não sabem mais se comportar quando se defrontam com uma mulher nua.
E o melhor era o tom da entrevista. Porque, no fundo, elas sabem que estão na onda da vulgaridade. Sabem que a música é vulgar, que o clip é vulgar, que a maneira como se comportam é vulgar. Mas querem justificar dizendo que estão buscando um espaço para um grupo “sensual”, com um toque diferente... O pessoal do Pânico chorava de rir durante a entrevista. Será que elas não percebiam realmente o quanto estavam sendo ridicularizadas todo o tempo do programa?
Fiquei mesmo pasma com tudo que ouvi. E mais pasma ainda fico em ver o quanto de espaço esse tipo de mulher tem na mídia. São os famosos exemplos de celebridades instantâneas tão comuns nos dias atuais: fazem uma música, aparecem em vários programas de televisão, posam nuas em revistas de grande circulação... e somem. Mas deixam aí a mensagem para muitas garotas: usem o corpo o quanto puderem, e esqueçam estudo, isso é para os otários. Uma pena que muitas ainda ouçam esse tipo de conselho, em alguns casos até mesmo incentivadas pelos pais.
Vamos ver quanto tempo o “Melô” estará em alta. Meu consolo é saber que esse tipo de lixo (porque é realmente um lixo) acaba logo sendo esquecido, e substituído por outra música tão ou mais vulgar, que logo some, e vem outra, e assim sucessivamente. Uma vergonha para um País onde nomes como Tom Jobim e Chico Buarque nos mostram que a poesia, para ser bonita, não precisa de vulgaridade nem da ausência de roupas. Precisa apenas de sensibilidade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Um caos longe de terminar

O Brasil ficou chocado, há pouco mais de um mês, com a notícia de que um jovem de 17 anos, portador de problemas mentais, teve todos os seus dentes arrancados por um dentista, quando a indicação era de apenas duas extrações. Essa semana, para mais espanto de todos, foi divulgado que este seria o terceiro caso em que o dentista Wilson Oliveira Santos, de Brasília, havia realizado o mesmo procedimento, sem a menor necessidade. Detalhe que deixa a história mais absurda: os outros pacientes também teriam retardo mental.
O caos na saúde pública é notório e, desde que me entendo por gente, faz parte das notícias cotidianas de todos os órgãos de imprensa, seja em âmbito local quanto nacional. O que os casos acima trazem à tona, mais uma vez, é o desrespeito de alguns profissionais de saúde com aqueles menos favorecidos tanto financeiramente quanto em termos de educação.
E esse desrespeito é visto em todas as áreas. É o dentista que arranca todos os dentes sem necessidade, o médico que não explica de maneira simples os sintomas de uma doença ao paciente, o enfermeiro que não tem paciência quando o doente tem medo de uma injeção ou de algum procedimento. Uma situação que ainda está longe de terminar porque, infelizmente, as pessoas acabam aceitando esse comportamento sem questionar ou então achando que, “como é de graça”, é assim mesmo. Na verdade, elas esquecem que o serviço público não é feito de graça: ele é cobrado através de impostos muito bem pagos pela população.
Mas, nesse meio tão cruel com o povo, vemos alguns profissionais de saúde que merecem nosso aplauso e respeito. Quando estive em tratamento no ano passado, fazia quimioterapia no Centro do Câncer Francisco Cunha Filho, em Piracicaba. Cito nome completo porque, a despeito do que se diga da saúde pública, aquele local é um oásis cheio de boa vontade no meio de um deserto.
A paciência, o respeito, o carinho e o amor que todos os profissionais do Centro dedicavam aos pacientes era impressionante. E isso valia para todo mundo: quem tinha convênio e quem era do SUS. Nunca fui passada na frente de outra pessoa, nem vi aquelas enfermeiras perderem a paciência um segundo sequer com alguém que se recusava a fazer a quimio. Com carinho, elas convenciam o paciente da necessidade do tratamento. E esse carinho era observado também nos médicos que, apesar de lidarem com o sofrimento e a perspectiva de morte no dia-a-dia, não deixavam de trazer a todos a esperança.
Talvez isso esteja faltando em nossos profissionais que lidam com os menos favorecidos: carinho e paciência. Tratar de quem conhece seus problemas de saúde é fácil, mas atender a quem necessita não somente da Medicina, mas de conhecimento, pode ser mais trabalhoso. Esse é o verdadeiro desafio aos profissionais da saúde hoje: saber unir esse dois mundos, dando a eles o seu merecido respeito. Enquanto isso não acontecer, o caos que hoje conhecemos estará longe de terminar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O ócio bem aproveitado

Feriados prolongados são ótimos para a gente descansar, viajar, visitar amigos, passear, inventar mil programas. Pelo menos essa é a concepção que muita gente tem quando se programa para aproveitar os dias de folga. Enfrentar horas de trânsito, ficar numa casa de praia cheia de gente e encarar lugares turísticos lotados parece ser um prazer para quem espera com ansiedade todos os feriados do ano.
Sou diferente. Feriado, para mim, é a chance de descansar do dia-a-dia. Posso até viajar, mas com certeza não é para nenhum lugar lotado em que o pedido de uma cerveja vai demorar meia hora para ser atendido. Esse feriado, assim como muitos outros, passei em casa lendo, assistindo filmes e seriados, batendo papo com amigos do MSN, enfim, realmente descansando.
Ontem um amigo me perguntou o que eu havia feito e, quando descrevi meus dias, veio a exclamação:
- Mas então você não fez nada?
Achei interessante a colocação dele. Assistir oito filmes (que normalmente não tenho tempo de fazer por causa da correria rotineira), ler livros que estavam esperando a chance de serem abertos e conversar com pessoas que nunca encontro online porque temos horários diferentes, na concepção desse amigo, é não fazer nada. Ele havia ido para praia, enfrentado um congestionamento, demorado cinco horas (num trajeto que normalmente levaria três), ficado numa casa com sei lá mais quantas pessoas (pelas fotos parece um acampamento de guerra), feito o caminho de volta em seis horas, e disse que estava morto, mas que havia valido a pena. “Ah, eu realmente aproveitei a minha folga!”
Aí me vem aquela reflexão clichê sobre a natureza humana. O que para ele havia sido um programa ótimo, para mim seria um inferno na terra, já que eu não gosto de praia, nem de calor, e muito menos de me amontoar em uma casa e dormir mal acomodada. Esse é meu jeito. Mas não critico quem goste desse tipo de programa.
Fico espantada em ver que as pessoas acham que um fim de semana passado em casa, sem fazer nada, é desperdiçado. A necessidade de sempre haver uma programação causa até mesmo um stress. Vejo amigos que se angustiam se, chegando a quinta-feira, ainda não têm nada planejado para o fim de semana todo. Quando é feriado então, se não há viagem marcada ou algo do gênero, o stress fica maior ainda. Já cheguei a escutar alguns falarem que, para ficar em casa, preferiam estar trabalhando. Assim, se não dá para cansar na estrada, o feriado não tem graça. Aproveitar o tempo de outra maneira está fora de cogitação.
Acredito que o ócio bem aproveitado também traz descanso à mente. Apesar de não ter saído de casa, viajei por mundos diferentes através dos livros que li e filmes que assisti. Voltei renovada ao trabalho, descansada e, principalmente, enriquecida em conhecimento. Pode ser que, para muitos, eu tenha desperdiçado dias que seriam mais aproveitados em uma viagem. Para mim, a viagem interior foi perfeita e me fez bem. Com um adicional: não enfrentei um trânsito de horas para chegar em minha casa. A minha mente foi minha estrada.