sexta-feira, 26 de junho de 2009

Perdas pessoais...

Ontem perdi dois ícones da minha infância e adolescência: a eterna pantera Farrah Fawcett, e o rei do pop Michael Jackson. A morte dela foi obscurecida pelo inacreditável do ataque cardíaco do cantor, mas ainda assim senti tristeza pelos dois em igual tamanho.
Farrah foi um ídolo para milhões de meninas da década 70, quando encarnava a detetive Jill. Charmosa, linda e sensual, ela também fazia os mais velhos, nas palavras de meu irmão, “pagarem pau” por suas belas curvas. Lembro-me de brincar com minhas primas de “As Panteras” no quintal da casa do meu avô. Eu sempre era Sabrina (a mais feia, porém a mais inteligente) e, paradoxo total, minha prima sansei era a bela Jill. Que inveja que eu tinha dela por ser a mais bonita das três! Não me recordo o critério pelo qual as personagens eram decididas, mas sei que nunca tive a chance de encarnar a pantera loira...
Já estava chateada com a morte da pantera quando minha mãe me falou sobre Michael Jackson. Ele surgiu em minha vida em 83, quando eu tinha 11 anos. Os clips que passavam no Fantástico eram o ponto alto da programação para os milhões que se encantavam não somente com as coreografias, mas também com os efeitos visuais mágicos que hipnotizavam todo mundo.
E dançar como Michael Jackson era o sonho. Garotos e garotas tentavam, sem sucesso, fazer o “moonwalk”. Eu mesma devo ter tentado “trocentas” vezes, sem nenhum sucesso. As coreografias de “Billie Jean” e “Thriller” me impressionaram muito na época. Uma das grandes emoções quando completei 12 anos foi ganhar o vinil do “Thriller”. E dá-lhe de tentar imitar o ídolo, nas saudosas brincadeiras dançantes. Mas que!!!! Dançar igual ao Michael... só Michael mesmo.
Não vou entrar aqui no mérito de se ele foi pedófilo ou não. Minha tristeza se resume à perda da lembrança de um artista fantástico, que ontem se foi de maneira abrupta. A sensação que tenho, com essas duas perdas, é a de que uma maravilhosa época de minha vida realmente se acabou. Viver a loucura que foi “Thriller” não tem preço. Pena que Michael Jackson, ao que parece, nunca tenha conseguido superar o fato de que aquela loucura não aconteceria mais. Suas cirurgias plásticas e esquisitices mostram isso. Que agora ele tenha encontrado o que quer que seja que buscou em toda sua vida.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A última bolacha do pacote

De onde será que surgiu a expressão “a última bolacha do pacote”? Sempre a usamos para falar sobre alguém que se acha o supra sumo (outra expressão de origem desconhecida), mas nunca paramos para pensar como ela surgiu. Seu significado também nunca havia sido contestado até uns dias atrás quando, batendo um papo com meu amigo Celso Aímola, ele me disse que, na verdade, contrariando a sabedoria popular, a última bolacha do pacote é aquela que ninguém quis comer.
Parei para pensar e vi que é verdade. Normalmente a última bolacha é aquela que deixamos no armário e, quando vamos ver, ela já está amolecida, toda insossa, e acabamos jogando o pacote fora, sem comer o que restou. É aquela que a gente não comeu quando estava em frente à televisão e caiu atrás do sofá, sendo apenas achada uma semana depois, quando a faxineira muda os móveis de lugar e dá uma boa geral na casa. Ou aquela que acabamos esquecendo na mesa do computador quando, entre um trabalho e outro, entremeados pelo bate papo no MSN, fazemos um lanchinho básico sem levantar da cadeira. Enfim, é aquela que não comemos simplesmente porque estamos satisfeitos com o que ingerimos em primeiro lugar.
Coloquei essa teoria outro dia em uma mesa e a mulherada presente amou a definição. Dei o devido crédito ao autor da idéia, que foi considerada uma verdade absoluta por unanimidade. Mas, como toda unanimidade é burra e todo público é diferente, uma semana depois falamos sobre o assunto em uma festa, onde dois dos presentes discordaram veementemente da teoria. Uma mulher disse que a última bolacha na verdade é a mais gostosa exatamente por ser a última, e acaba sendo comida bem devagarzinho, para ser aproveitada em sua totalidade, com suspiros e gemidos profundos. Já um outro disse que, mesmo ela estando amolecida, o segredo é dar uma “reciclada”, como fazemos com o pão amanhecido que vai ao forno e se torna tão saboroso quanto aquele saído da padaria. Só que a reciclagem depende da bolacha, é claro. Só vale a pena com aquelas recheadas maravilhosas, e não com rosquinhas de maisena de segunda categoria.
Discordo dos dois. Continuo concordando com meu amigo Celso. E mais: a gente só come a última bolacha do pacote senão tiver nada mais gostoso para comer. É aquela história: já que não tem tu, vai tu mesmo. Mas entre aquele pacote fechadinho e fresquinho e aquela bolacha perdida entre as compras do armário sabe-se lá Deus desde quando, com qual você ficaria, caro leitor? Eu já me decidi. Faça você agora sua escolha.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Estranha insensibilidade

Desde ontem a única coisa que tenho visto em todos os jornais, revistas e sites que abro são as notícias referentes ao avião que desapareceu após ter decolado do Rio de Janeiro com destino a Paris. Antes que qualquer um me critique, quero deixar claro que lamento muito pela tragédia, e me solidarizo com as famílias das vítimas. Mas a overdose de informações é tamanha, são tantas abordagens e histórias sendo levantadas que isso me lembrou uma crônica que escrevi em março do ano passado, falando exatamente sobre a estranha insensibilidade que acomete os jornalistas quando estão cobrindo qualquer incidente deste tipo. Aliás, foi a primeira crônica que escrevi em toda a minha vida. Quem já leu relembre o que pensei, e quem não leu reflita sobre o assunto.

Jornalista é um ser estranho. Enquanto todo mundo agradece a Deus, aos céus, aos santos e a todas as forças e instâncias superiores quando há queda nos níveis de violência, de epidemias e outras desgraças, o repórter e o editor se lamentam pela falta de notícia.
- O cara despencou de mais de seis metros hoje pela manhã, enquanto trabalhava em uma obra...
- Nossa, machucou muito?
- Nada, já está até na observação.
- Então não é matéria, no máximo uma nota...
Essa conversa não é imaginária. Foi ouvida um dia desses na redação, numa segunda-feira particularmente ruim de notícias. Aquele dia em que, como dizemos em linguagem jornalística, só tem “trolha”. Ou seja, só materinha, assuntos pequenos... Aquele dia em que o editor fica, no fechamento, “caçando” um assunto de impacto para colocar como manchete e com certeza, pelo menos mentalmente, xingando os repórteres. “Porra, nada para colocar na capa... O que esse bando de jornalistas fica fazendo o dia inteiro?”
O repórter também fica na “fissura” de encontrar algo impactante o dia todo.
- Oi, como é que está o plantão policial hoje?
- Tranquilo, nenhuma ocorrência de destaque.
- Putz, que merda...
- Que é isso, graças a Deus que não aconteceu nada de ruim...
- Graças a Deus para você, porque para mim é uma merda, meu chefe vai comer meu fígado...
Parei para pensar, depois de ouvir o comentário da colega sobre o infeliz que havia caído, que esse sentimento de indiferença a qualquer acidente que tenha um final relativamente bom é inerente à profissão mas, de certa forma, reflete aquilo que as pessoas buscam das notícias de jornal.
Lembrei-me de quando a Columbia explodiu. Na época era editora de Nacional e Internacional, e tinha quatro páginas em branco para preencher, em pleno sábado, dia normalmente pobre em matérias quentes, a não ser que algo muito surpreendente ocorra. Avisei a editora-chefe que a coisa estava feia e saí para almoçar. Quando cheguei, ela veio com a novidade:
- Você vai ter muito material para trabalhar: a Columbia explodiu...
- Nossa, que bom! Salvou meu dia, vou ter muita coisa para escrever e dá para encher as quatro páginas na boa, com fotos, história dos astronautas, repercussão no mundo inteiro... Graças a Deus!
Terminei a frase e me peguei parada... Graças a Deus que uma nave espacial havia explodido e matado seus tripulantes? Que insensibilidade é essa que atinge os jornalistas, que comemoram quando a desgraça é enorme para encher páginas e mais páginas de jornais e revistas?
E olha que sou uma pessoa sensível, choro assistindo filme, novela, contando história triste... Emociono-me com fatos comuns do dia-a-dia quando estou “à paisana”, mas torno-me totalmente imune ao sentimento de compaixão quando me transformo em jornalista. O que isso significa? Que penso em primeiro lugar na repercussão que a informação que tenho em mãos teria, e não nas pessoas afetadas por ela. E por que isso?
É que publicar coisa boa não dá ibope. E isso não sou eu quem fala, infelizmente a natureza humana curte uma desgraça básica. Vejo o interesse que as pessoas têm quando um crime bárbaro ocorre, uma desgraça da natureza acontece, um casal famoso se divorcia. Sim, isso também é triste, afinal envolve duas pessoas (ou mais, quando têm filhos) que se amavam e, com certeza, estão sofrendo com a situação.
Dá para mudar isso? Não sei... Estou aqui divagando sobre o assunto sem saber se quem ler meu texto vai se tornar mais sensível ou não. Aliás, não sei nem se eu mesma vou me tornar mais sensível. Mas queria muito acordar em um mundo onde notícias boas fossem motivo de comemoração, e não onde desgraças significassem apenas manchete ou mais exemplares vendidos.
Finalizando: naquela mesma segunda maldita, lá pelas 19 horas, percebo uma sombra parada as minhas costas. Quando me viro para ver quem era aquele “vodu”, dou de cara com o chefe, papel de pauta na mão e o desespero estampado na face:
- Pessoal, estou sem opção de manchete hoje... quem tem alguma coisa?
A bomba meio que vem para meu lado mas ele não curte o assunto que eu estava cobrindo. Aí, para fechar o dia, o comentário da colega sobre o infeliz que havia caído:
- Se pelo menos o cara tivesse morrido, dava uma manchete!
Definitivamente: jornalista é um ser muito estranho mesmo.

Meia branca


Tenho um problema sério com homens que usam sapato preto e meia branca. Tá certo, sei que essa moda é abominada por 99% das pessoas, mas ainda assim existem homens que insistem em fazer essa combinação, independente do que o mundo fashion diga. Meia branca com sapato preto, para mim, é ponto decisivo para que eu descarte de cara o possível paquera que esteja cometendo esse crime.
Muita gente já me perguntou o porquê desse preconceito. Nem eu mesma sei. Mas para mim parece que o cara que faz essa combinação esdrúxula tem algum problema maior, algo que somente será descoberto quando a paixão já tiver definitivamente me arrebatado e aí um rompimento se torna doloroso para ambas as partes, mas principalmente para mim, é claro. Um cara que usa sapato preto e meia branca esconde algum segredo mais escabroso como mau hálito, chulé, flatulência ou, horror supremo, curtir fetiches pouco ortodoxos, tipo chamar a namorada pelo nome da mãe na hora do sexo.
Tenho amigas que me criticam por essa mania. Dizem que esse tipo de defeito a gente conserta, mas não sei... Será possível que eu precise dizer a algum homem que essa combinação é a coisa mais out que existe em termos de moda? Que sapato escuro jamais combina com meia branca? Que quem comete esse crime deve depois se enforcar com o cadarço do próprio calçado? Não que eu seja a pessoa mais fashionista do mundo, muito pelo contrário, mas tomei uma implicância com isso que dá gosto!
Lembro-me que uma vez estava em um bar com uns amigos e um cara extremamente bem apessoado me olhou a noite toda e eu, muito feliz, retribui os olhares com muita devoção. A noite toda foi assim. Detalhe: o bar era uma penumbra total. Lá pelas tantas (gosto desta expressão!) o moço levantou para ir ao banheiro e, automaticamente, olhei para seus pés. Qual meu espanto em ver que no final de toda a elegância com que ele se vestia lá estavam elas, as temíveis meias brancas com sapatos pretos. Parecia que elas me desafiavam e riam de mim! Entre fascinada e horrorizada, falei para um amigo que estava acompanhando a troca de olhares desde o começo:
- Não dá, ele usa meia branca...
O povo da mesa quase caiu de costas, claro! Enxergar a meia naquela escuridão e, pior, descartar o cara por conta disso foram atitudes prontas para que os amigos me execrassem e, em ameaças, me dissessem que talvez eu estivesse perdendo o homem da minha vida!!! Até hoje, quando encontro esse cara, fico pensando em como teria sido se eu tivesse investido...
Melhor não pensar. Com certeza eu descobriria que, por trás da meia branca, havia também uma cueca de bolinhas que, convenhamos, não desperta a libido de ninguém. Permitam que eu continue com minhas manias frescas (ou coisas de Andréa, como dizem os mais chegados). Prefiro sempre imaginar que essa combinação é o prenúncio de algo mais estranho escondido, do que supor que já perdi ótimas oportunidades por conta disso.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Fama esmagadora

E Susan Boyle, a grande sensação do mundo todo, perdeu a final do Britains Got Talent (literalmente, Britânicos têm talento). Quem não ouviu falar dessa escocesa de 48 anos que nunca beijou e arrebatou fãs no mundo todo com sua voz impecável deve estar incomunicável em algum lugar longínquo, sem acesso a qualquer tipo de informação. Seu vídeo postado no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=X9whxWNI7bE&feature=related) há pouco mais de um mês já foi visto mais de 100 milhões de vezes. Eu, particularmente, cada vez que o vejo me emociono. E imagino que isso aconteça com muita gente.
Antes mesmo de o concurso terminar ela já havia virado uma celebridade. Portanto, mesmo perdendo, já tem seu lugar garantido ao sol. Convites de gravadoras e de um dos maiores produtores de musicais da atualidade, Andrew Lloid Weber, já fazem parte de sua realidade. Assim, a perda parecia algo menor diante do fenômeno mundial que ela se tornou.
Qual não foi minha surpresa hoje ao ler que a simpática senhora, após toda essa expectativa que a cercou nas últimas semanas, havia sido internada por esgotamento físico e mental diante de toda a pressão para que ganhasse o concurso (http://entretenimento.br.msn.com/famosidades/noticias-artigo.aspx?cp-documentid=20141559).
E, pensando bem, faz sentido esse esgotamento. Afinal, Susan perdeu para um grupo de dança. Sem desmerecer os dançarinos, que se mostraram criativos, mas fáceis de serem imitados, ela deveria ter ganhado o prêmio. A escocesa tem uma voz inigualável, nunca fez aula de canto, sempre levou sua vidinha simples na sua vila e, quando teve a chance, perdeu. Houve gente que justificou sua perda dizendo que ela já ia fazer sucesso mesmo, por isso foi melhor que outro participante ganhasse.
Raciocínio meio ilógico: eu sou o melhor, vou conseguir mais, então por isso deixem que aquele que não é tão bom quanto eu ganhe o prêmio? Oras, o concurso é para revelar talentos, e isso Susan tem de sobra. Se dependesse dos jurados, ela com certeza teria sido a grande campeã, mas como dependeu de votação popular...
A fama esmagou Susan. Uma pessoa que sempre viveu escondida de repente se expôs ao mundo todo e, do nada, lhe tiraram o objetivo maior que ela havia perseguido: ganhar o concurso. Nada mais normal que ela tenha mesmo se internado depois de tudo isso. E não adianta a justificativa de que ela vai ganhar muito mais: para Susan, aquele era o ponto mais importante, até o momento, de toda a sua vida. Uma pena que o público britânico não tenha valorizado esse diamante que está sendo lapidado aos olhos do mundo todo.