Parece que foi ontem, mas já faz quase um ano que sentava no
computador para escrever meu enfoque avisando aos leitores que eu iria entrar
em férias. E agora estou novamente pronta para ficar 30 dias longe do jornal,
da minha bancada e dos meus colegas de trabalho que, a despeito de “pegarem no
meu pé” o tempo todo, me são muito queridos.
Diferente de 2010, quando realizei meu sonho de conhecer o
Egito, e do ano passado, quando estive nas geleiras da Argentina, dessa vez vou
fazer uma viagem pouco usual para quem é considerada “fresca”: vou a Marabá, no
Pará. Engraçado ver a reação das pessoas quando eu respondo meu destino a
semana que vem. Por quê? Fazer o que? Tem índio lá?
A resposta é simples: vou visitar minha melhor amiga, aquela
que a gente escolhe para ser irmã e que, não importa quanto o tempo passe, nem
qual seja o tamanho da distância que nos separe, ela sempre está ali. Ou aqui
de vez em quando, como é o caso da Ana Maria, que há 33 anos entrou em minha
vida para fazer a diferença sempre.
Acho que mencionei a Aninha rapidamente em algum texto aqui.
Ela é meu completo oposto: totalmente desprovida de vaidade, uma pessoa sempre
pronta a ajudar todo mundo. Fui sua madrinha de casamento, que foi um dos
bonitos que assisti em toda minha vida. O desprendimento dela é uma coisa que,
por mais que eu a conheça, sempre me surpreende. Quando seu pai ficou muito
doente, há quatro anos, eu havia acabado de fazer minha mastectomia. Mesmo
sabendo que ele havia sido desenganado, ela ainda assim ligou para meus pais,
perguntando se eles precisavam de ajuda para cuidar de mim! E não que ela não
se importasse com o pai, muito pelo contrário, sempre foi uma filha super
dedicada. Mas ela acreditava que, nos momentos em que estivesse fora do
hospital, poderia ficar com minha família, para ajudá-los no que precisassem
comigo.
E, mesmo a Ana sendo essa pessoa fantástica, com quem eu
nunca tive uma briga nesses 33 anos de amizade, ainda assim eu relutava em ir à
cidade que ela escolheu para morar há cerca de 15 anos. Os motivos eram os mais
diversos: é longe, é quente, é mato, tem bicho, é seco... Sempre arrumava uma
desculpa, e sempre adiava essa visita. Até que, esse ano, mais uma vez, a Ana
me deu uma bela lição de que a amizade está acima dessas coisas pequenas. Quando
fiz 40 anos, ela veio para minha festa. Parece algo fácil de fazer, mas eu sei
o que significou para ela: deixa de passar o Natal com sua mãe, algo que ela
nunca havia feito desde que mora em Marabá, para poder estar aqui em janeiro,
porque ela achava importante viver este momento que para mim era uma celebração
de vida. A atitude dela me fez ver que meu egoísmo, tão latente muitas vezes,
deveria ser deixada de lado. Por isso, nessa minha viagem, o que menos importa
é o roteiro, mas sim os bons momentos que tenho certeza viverei no Pará.