domingo, 13 de janeiro de 2013

Cansada de passividade



Essa semana que passou foi marcada pelas constantes notícias a respeito da jovem Daniela Oliveira, de 25 anos, grávida de nove meses, baleada na cabeça quando chegava em casa em uma tentativa de assalto frustrada no último dia 8. No dia 11, mesmo dia em que a jovem foi enterrada, a Polícia prendeu o suspeito de ter baleado a mulher, que era um foragido da Justiça.

Além da total banalidade do crime – afinal, que perigo pode representar uma mulher grávida para um bandido armado? – o que mais me chocou, incomodou e chegou a me fazer ficar com ódio dessa violência foi a total passividade da nossa sociedade.

Estamos a cada dia mais reféns de uma violência que não tem fim, e não fazemos absolutamente nada para mudar esse quadro. Não nos movimentamos, não fazemos passeatas, não exigimos de nossos representantes mudanças urgentes e necessárias em nosso Código Penal, que mais parece um estímulo aos criminosos, porque há tantos atenuantes para os delitos que eles se sentem à vontade para fazer o que querem, sabendo que a possibilidade de uma punição efetiva é muito remota.

Nos últimos dias foi possível ver vários casos de crimes absurdos que nos chocaram num primeiro momento, e no segundo já foram esquecidos. O jovem morto a facadas no Guarujá por causa de R$ 7 em uma conta de restaurante e o casal de Anápolis que sofreu um atentado à bomba e está em estado grave no hospital são outros exemplos que deveriam fazer com que as pessoas começassem a exigir mais segurança, em primeiro lugar, e punição real para os criminosos.

O que mais me choca é ver que, se fosse um animal que tivesse sido morto, as redes sociais estariam abarrotadas de fotos dos suspeitos, com pedidos desesperados para que eles fossem presos e, se possível, jamais saíssem da cadeia. Na sexta-feira pela manhã foi divulgado o retrato falado do suspeito de ter atirado na jovem grávida. Assim que vi a notícia publiquei em meu perfil do Facebook, pedindo para que as pessoas partilhassem e com isso a foto fosse o mais amplamente possível vista. Para minha decepção, ninguém partilhou a foto. No mesmo dia, já estava até cansada de ver a foto de um cachorro perdido, que as pessoas postavam pedindo urgência para que os donos fossem encontrados. Lembrei também quando o cachorro Lobo foi arrastado em Piracicaba em 2011, e a reação das pessoas, que colocavam a foto de seu dono quase todos os dias nas redes sociais, exigindo sua punição.

Que tipo de sociedade é essa em que vivemos que a violência contra um animal é mais importante do que a violência contra um ser humano? Na minha concepção, violência é violência, seja ela contra criança, mulher, idoso, homem, homossexual e animal. O que não dá para entender é por que quando um animal é machucado ou morto as pessoas se mobilizam tanto, e quando uma mulher é morta o silêncio é total. Ou eu estou errada, ou os valores estão mudados. Realmente espero que a primeira opção seja a correta.