Mais uma vez
chegamos ao Natal e, desde o meio de novembro, o que mais vemos em todos os
lugares são luzinhas piscando e músicas alusivas à data. Com a proximidade do
aniversário do Menino Jesus, também se multiplicam os convites para
confraternização e amigos secretos. Parece que o espírito de “somos todos
amigos” contagia as pessoas, e a época é ideal para esquecer problemas surgidos
ao longo do ano e praticar o famoso perdão ensinado por Jesus Cristo.
Adoro o
clima natalino. Fico emocionada em ver a decoração da chácara dos meus pais
quando fica pronta, e espero ansiosa a ceia, afinal, é uma das poucas datas do
ano em que encontro alguns familiares que não vejo quase nunca. Parece que a
correria das nossas vidas impede essa reunião, por isso o final de ano é a data
perfeita para rever essas pessoas.
Mas de uns
tempos para cá tenho me questionado um pouco a respeito do que se chama de
“espírito natalino”. Não conseguimos arrumar tempo o ano inteiro para vermos
amigos e familiares – e olha que temos muito feriados para isso! –, mas de
repente parece que nossas agendas ficam vazias e conseguimos rever todo mundo.
Também é a
época em que mais ouço a palavra “perdão”. Parece que todo mundo espera que
dezembro traga um “salvo-conduto” que faça com que todas as atitudes erradas
sejam esquecidas, para encerrarmos o ano sem pendências pessoais. O problema,
porém, é que muitas vezes o salvo-conduto é entregue a pessoas que, mal passada
a virada do ano, já estão novamente adotando comportamentos condenáveis e
prejudiciais ao próximo.
Citamos o
perdão como ensinamento de Cristo, mas esquecemos que não foi apenas isso que
Ele nos transmitiu. Jesus nos disse para amarmos uns aos outros, para não
fazermos ao próximo aquilo que não desejamos a nós mesmos. Se gostamos tanto de
citar o perdão nessa data, por que esquecemos de falar sobre os outros
ensinamentos de Cristo?
Espírito
natalino não é gastar muito para enfeitar a casa ou comprar presentes
caríssimos. Isso de nada adianta se, dentro do coração, a pessoa ainda estiver
com os sentimentos que a acompanharam o ano todo, como ressentimento, mágoa,
rancor, inveja. Nunca li em nenhum lugar que Jesus nos ensinou que Natal é
apenas o momento comercial. Mas vejo que esse é o sentimento que predomina hoje
entre as pessoas.
As luzes
piscando nas casas e empresas, vitrines bonitas com presentes atrativos,
confraternizações e amigos secretos: nada disso tem o menor valor se, passado o
dia 25, seu espírito volta a ser intolerante como foi o ano inteiro. Devemos
tentar trazer esse sentimento natalino os 365 dias do ano. Esse, com certeza,
seria o maior presente que poderíamos dar a Jesus.