domingo, 16 de junho de 2013

O caos chegou ao interior


O título acima dá a impressão que vou falar sobre algum confronto entre manifestantes e a polícia, como temos visto em São Paulo nos últimos dias, cujas principais vias têm se transformado em verdadeiros campos de guerra que sempre vemos em países do Oriente Médio – e aos quais achamos “normais”. Mas não é esse o caos ao qual me refiro. Falo do caos do trânsito, que virou um verdadeiro martírio para quem quer sair de casa e ir apenas a um mercado fazer uma compra.
Já ouvi muita gente dizer que tenho sorte por morar no interior, onde a vida é mais tranquila do que na capital paulista. Sou obrigada a concordar que essa visão idílica em parte ainda é real. Mas eu disse “em parte”. Hoje, vemos muitos problemas de cidades grandes chegando ao interior, ocupando seu espaço e dando sinais de que vão se instalar definitivamente, sem perspectivas – pelo menos em curto prazo – de serem resolvidos. O trânsito é um deles.
Moro em Piracicaba, como muitos dos leitores já sabem. A cidade hoje tem meio milhão de habitantes e, há pouco mais de cinco anos, tinha um trânsito relativamente tranquilo. De lá para cá essa situação mudou bastante. Posso dizer isso com propriedade porque, mesmo passando pouco tempo na cidade, já que na maior parte do dia estou em Americana, nas poucas vezes em que tive de enfrentar o trânsito em horários nem tão de pico assim vi que estamos chegando ao caos.
Estou escrevendo esse artigo na sexta-feira, dia 14, por volta das 11h30. Acabei de voltar da rua. Fui a um mercado comprar alguns produtos, longe do centro, mas em um bairro bastante populoso. Para chegar ao mercado – que não fica muito longe da minha casa – levei quase 20 minutos, porque o trânsito estava parado, com caminhões transitando em velocidade reduzida. Parece pouco, mas se considerarmos que levo meia hora da minha casa para chegar ao jornal onde trabalho, depois de percorrer exatos 35 quilômetros, é muito, demais até. Para ir ao mercado gastei quase o tempo que levo para trabalhar.
Além de muitos carros, vejo que um dos grandes problemas é a educação do motorista, que parece achar que a rua é somente dele, esquecendo que existem outros motoristas também na mesma via. Chegando ao mercado, ao tentar estacionar, dei a seta indicando que iria entrar na vaga. Como a grande maioria das pessoas acho que sequer sabe para que serve a seta no carro, o homem que estava atrás de mim simplesmente ignorou meu sinal, parando seu veículo bem próximo ao meu e me impedindo de fazer a baliza. Assim, somando-se ao enorme número de carros circulando, às poucas disponíveis para estacionar, ainda temos de lidar com a falta de educação total de motoristas que acham que a rua é propriedade particular, e não de todos. Definitivamente, o caos da cidade grande está chegando ao interior.


domingo, 2 de junho de 2013

Grande amor à profissão



Desde que me entendo por gente lembro-me de dizer que seria jornalista. Mais interessante ainda, lembro-me que quando as pessoas diziam “então você vai trabalhar na Globo”, sempre respondia que não, que eu iria escrever, porque era a coisa que mais gostava de fazer, depois de ler. Sempre amei a escrita, e quando pequena minhas redações eram sempre elogiadas pelos professores pela criatividade e coesão.
Aos oito anos, minha professora escreveu em uma prova minha que quando crescesse eu seria uma grande escritora. Alguns anos atrás tive a grata surpresa de encontrar essa mesma professora em um restaurante, e senti-me orgulhosa em contar a ela que, apesar de eu não ser uma grande escritora, havia me tornado jornalista, e meu trabalho era escrever. Ao lembrar o que  havia escrito em minha prova – a qual guardo até hoje como um tesouro – ela se emocionou ao perceber que havia visto meu potencial, mesmo eu sendo tão criança na época.
E ser jornalista parecia o caminho mais do que natural para mim. Para não dizer que nunca pensei em ser outra coisa, prestei vestibular também para Direito, mas já sabendo que, se passasse em Jornalismo, essa seria a profissão escolhida. Mesmo sabendo que a carreira é difícil, que muitas vezes temos dificuldades inimagináveis a quem está de fora dela, ainda assim decidi que eu iria ser feliz fazendo aquilo que gostava.
Claro que, em alguns momentos da minha trajetória profissional, que atinge a maioridade esse ano, tive vontade de desistir de tudo e fazer outra coisa. Cheguei a dar aulas de inglês por 12 anos em escolas de idiomas, a maior parte desse tempo trabalhando também como jornalista. E em 2004, após uma demissão, desisti da carreira. Abandonei o Jornalismo e passei a me dedicar integralmente às aulas, chegando até mesmo a ser coordenadora de uma escola. Estava feliz com o que fazia, mas faltava algo. E esse algo era escrever, apurar, buscar a verdade, sentir a movimentação de uma redação, esse ambiente que se torna silencioso nas vozes, mas barulhento nos teclados na hora do fechamento, cheio de personalidades diferentes, com uma coisa em comum: dar o melhor de si em um texto.
Assim, em setembro de 2006, após dois anos e meio da minha decisão de desistir da carreira, voltei a trabalhar na área, quando entrei no Liberal. De lá para cá, passei por quase todas as editorias do jornal, e há dois anos e meio estou em Cultura, a que sempre mais gostei, sem sombra de dúvida. E se um dia tive dúvidas de que não devia ter voltado, essa semana um e-mail de uma menina do quinto ano, elogiando um artigo meu de junho de 2011, me fez ter a certeza de que estou na profissão certa, e que tenho um grande amor por ela.