terça-feira, 28 de julho de 2009

Felicidade realmente contagia

Dia desses saí para trabalhar atrasada e, por consequência, um pouco mal humorada. Nem sei por que estava assim, afinal chegar dez minutos atrasada não ia atrapalhar meu dia nem um pouco, mas esse era meu espírito quando peguei o carro para encarar a estrada. Para melhorar, lembrei que estava no carro do meu pai e que o meu, pela quinta vez em apenas três meses, estava na concessionária. A memória disso aumentou ainda mais meu mau humor.
Ao chegar à rotatória onde passo todo dia, olhei o senhor que sempre está lá vendendo acessórios para carros. Nunca havia me dado conta dele, mas enquanto esperava o sinal abrir, comecei a observá-lo. Ao perceber que eu estava olhando, ele abriu um sorriso enorme e me ofereceu um dos acessórios, dizendo que ficaria lindo em meu carro.
Abri o vidro e expliquei que aquele não era meu carro, mas sim do meu pai. E a resposta veio com outro sorriso:
“Mas então é seu, porque tudo que é do pai pertence ao filho”.
Agradeci, disse que no momento não precisava de nada, e ele, ainda sorrindo, me desejou um bom dia de trabalho e que Deus me abençoasse.
Quando o sinal abriu meu bom humor já estava de volta. Fiquei pensando naquele senhor, que deve ter quase 70 anos, com seu carro simples, mas muito bem cuidado, seus acessórios caprichosamente pendurados, e aquele sorriso cativante mostrando uma felicidade pura. Nada de reclamação, nada de lamentação por ainda estar trabalhando, quando já deveria estar desfrutando de uma aposentadoria tranquila.
E vi que felicidade realmente contagia. Eu já tinha essa concepção, mas aquele homem me fez ter certeza de algo em que eu já acreditava e tentava fazer os outros acreditarem. Todos os dias, ao passar naquele lugar, fico olhando para ver se ele já chegou. Engraçado que depois daquele dia nunca mais coincidiu de o sinal fechar quando chego. Mesmo assim, sempre o vejo conversando com alguém. Hoje mesmo o vi, e ele estava sentando em uma cadeira dobrável, lendo o que me pareceu uma Bíblia.
Não sei se ele sabe o quanto mudou meu humor naquele dia. Nem sei se ele sabe o quanto sua felicidade é contagiante. Mas sei que a sua figura, diariamente, me inspira a ser feliz. Porque felicidade, apesar de muitos não acreditarem, é muito mais fácil de ser conquistada do que a gente imagina. Basta ser feliz!

domingo, 19 de julho de 2009

Maravilhoso presente de Deus

Amanhã é Dia do Amigo. Acho a data apenas simbólica, porque todo dia é dia do amigo. E isso falo porque tenho muitos amigos. Estejam eles longe, perto, ao lado, por telefone, no msn, no orkut, seja lá onde for... Eles sabem que estou aqui, para o que der e vier. E eu sei que posso contar com eles.
Outro dia uma pessoa me disse que “amigo de verdade é chato prá caralho”. Concordo. Amigo mesmo, de verdade, é aquele que está sempre ao nosso lado, mas não sempre passando a mão em nossa cabeça para toda cagada que fazemos. É aquele que arrisca a amizade mas abre o jogo quando vê que o outro está sendo feito de idiota pelo namorado, noivo, ou por outro amigo. É aquele que, mesmo quando encontra o grande amor de sua vida, pode até se afastar, mas não esquece daqueles que sempre estiveram ao seu lado enquanto ele estava sozinho.
Eu poderia ficar horas aqui dizendo o que é ser amigo, na minha concepção. Como também poderia ficar horas falando sobre o que não é ser amigo. Mas eu quer o falar de algo maravilhoso que me aconteceu hoje: eu ganhei um presente de Deus, para celebrar o Dia do Amigo.
Hoje recebi um convite de uma mulher para me adicionar no orkut. Essa mulher, que não vejo há mais de 20 anos, foi uma grande amiga no ginásio e no colegial. Depois disso mantivemos contato durante alguns anos, cheguei a mandar meu convite de formatura para ela... e simplesmente deixamos de nos escrever por um daqueles descuidos que depois lamentamos.
O mais legal foi termos conversado então pelo msn. Parecia que a gente tinha se falado ontem! Durante todos esses anos ela me procurou e eu a procurei, e nada. Quando entrei no orkut foi um dos primeiros nomes que cacei, e nada. E ela morando em Sampa há 11 anos, aqui do meu lado! Só para esclarecer: estudamos juntas em Pernambuco, quando eu morei na divisa com a Bahia.
Todo esse tempo e ela aqui... Não vou negar que chorei, porque chorei mesmo ao ler a mensagem dele, que morria de saudades e estava me procurando há tempos. E nossa conversa foi recheada de risos, de uma querendo contar para a outra tudo ao mesmo tempo, de emoção... De tudo aquilo que caracteriza a verdadeira amizade, que não se apaga com o tempo ou distância.
Esse foi meu presente de Deus. Agora já estamos planejando nosso encontro pessoalmente... Tem coisa melhor que saber que deixamos nossa marca em alguém que não encontramos há 22 anos? Esse é o amor de amigo: não acaba, não some... Pode ficar adormecido mas, quando despertado, volta em toda sua plenitude.
Que todos os meus amigos, hoje e sempre, saibam que meu coração está cheio de marcas: de carinho, de respeito, de amor, de compreensão, de companheirismo. Feliz Dia do Amigo!

sábado, 11 de julho de 2009

Intimidade escancarada

Odeio gente que fala demais. Opa! Calma, quem me conhece deve até ter engasgado agora, afinal eu mesma falo mais do que o “homem da cobra”.
Na verdade o que eu odeio é gente que aproveita a fila do banco, da loja, do ônibus ou de qualquer situação em que haja uma pessoa perto para começar a contar desgraças e perguntar sobre todos os detalhes da minha vida. Pior, para falar até mesmo sobre assuntos somente comentados com a melhor amiga ou, quando muito, com Deus, de tão embaraçosos que são.
Não entendo pessoas que sentem essa necessidade de falar e perguntar sobre os temais mais íntimos possíveis a quem quer que seja. Aliás, normalmente esses seres humanos sequer estão pensando se o ouvinte está mesmo disposto a agüentar essa “verborragia”. E contam e perguntam sobre doenças, o marido, os filhos, os problemas dos filhos... E o assunto rende na fila, que normalmente demora, ou naquela viagem de ônibus que teoricamente deveria durar meia hora, mas se prolonga por uma hora e meia quando encontramos esses tipos.
Sempre me surpreendi com esse comportamento. Mas há cinco anos tive uma experiência que me mostrou o quanto as pessoas, nas situações mais difíceis possíveis, podem ser inconvenientes. Nessa época fui operada três vezes. Morava em Araraquara mas, como o equipamento que iriam usar em minha cirurgia estava quebrado, tive de ser operada em São Carlos. A coisa era simples, entrava no fim da tarde de um dia e saía no outro. Apenas uma injeção de contraste me obrigava a entrar no hospital na véspera da cirurgia.
Como tudo era simples, decidi não trocar o quarto coletivo que meu plano dava pelo particular que meus pais queriam pagar. “Ah não, é só hoje à noite e amanhã vou embora, para que pagar toda a diferença?”, meu (enganado) senso me dizia.
E fui tomar o bendito contraste, uma “pequena” injeção dada no bico do seio que me deixou atordoada demais até mesmo para chorar de dor. Cheguei ao quarto e minha companheira de infortúnio era uma senhora de mais de 80 anos, meio surda e que estava dormindo. Como minha mãe iria dormir no quarto comigo, disse a ela para jantar porque só iriam servir para mim aquela comida horrorosa pré-operatória.
E fiquei sozinha com a senhora. Estava quase cochilando quando entra a filha dela, uma mulher na faixa de uns 60 anos. Cumprimenta a mãe, conversa um pouco, mas é claro que a curiosidade de saber quem era a companheira de quarto era muito maior do que a noção de que eu estava pálida e com dor.
- Boa tarde. Você está internada aqui?
“Não, sua idiota. Eu estava passeando e resolvi entrar no quarto e dormir um pouco”, pensei, meio rosnando. O que mais eu estaria fazendo deitada num quarto de hospital? Ainda assim, a despeito da dor e do mau humor, respondi educadamente que estava internada.
- Mas você está doente?
Gente, que mais eu estaria fazendo ali???? Sem pensar, falei que não, mas que iria ser operada no dia seguinte. A mulher deve ter achado que eu ia fazer lipo, ou alguma intervenção estética, porque despejou sem dó:
- Ah, bom, porque gorda desse jeito você não tem cara de doente mesmo.
Abre parênteses. Eu estava fazendo a segunda cirurgia por causa de um câncer de mama e, devido ao stress, havia engordado uns 20 quilos, além de estar inchadíssima de remédios. Fecha parênteses.
Desacreditei quando ouvi a frase. Achei que era efeito da injeção que eu havia tomado, que estava tendo alucinações, qualquer coisa, menos que aquela infeliz havia falado aquele absurdo. E o interrogatório continuou:
- Quantos anos você tem?
- 31.
- É casada?
- Não.
- Mas por que não? Porque, apesar de gorda, você é bonita.
A vontade de mandar a mulher para o inferno, para não dizer um palavrão, só não era maior do que a minha dor, que me impedia de raciocinar direito. Nessa hora eu até acho que ia responder, mas minha mãe entrou no quarto. Aí a louca aproveitou e despejou o rosário da vida dela. Entre outras coisas, ficamos sabendo que elas eram em três irmãs, mas que uma havia brigado com as outras de “rolar no chão e unhar o pescoço até tirar o sangue da carne”. Ah, e que ela não tinha mais vida sexual com o marido, mas que a irmã que a ajudava ainda tinha. Assim, em três horas, ela ficou contando todos os detalhes possíveis da vida dela, da mãe e das irmãs, e eu e minha mãe atônitas com a quantidade de informações não solicitadas e despejadas em cima da gente.
De repente, sei lá o por que, ela dá o golpe de misericórdia em mim:
- Olha, a senhora está muito bonita, muito jovem para a idade que tem, porque a sua filha, vou dizer uma coisa... Está acabada, um bagaço, muito feia!
Até hoje não sei o que me impediu de xingar a mulher nessa hora. Minha mãe ainda tentou contemporizar, dizendo que eu estava doente, passando por uma situação difícil. Qual! Ela insistiu:
- Ah, não justifica... Ela está muito acabada!
Por fim, lá pelas nove e meia da noite (a tortura havia começado por volta das seis horas) o marido (o que não transava mais) chegou. Muito quieto, cumprimentou minha mãe e ficou escutando aquela conversa. A louca vira então e fala assim:
- Benhê, a Mara quer que a gente vá passear em Piracicaba na casa dela.
Pânico. Pensei: “Mas que horas que minha mãe falou isso que eu não ouvi?”. Nada, aquilo era a imaginação da infeliz. E dona Mara, coitada, ainda teve que concordar.
Até hoje me arrepio quando lembro daquele dia no hospital, das histórias todas e da indiscrição da mulher. Por isso, quando me pego em uma fila, ou qualquer situação em que percebo que a pessoa está querendo me tomar por confidente, já tenho minha saída: fecho a cara, finjo que estou lendo qualquer coisa, mas nem desvio o olhar. Não posso dar a chance de a pessoa acreditar que estou demonstrando qualquer interesse sobre o assunto. Afinal, cada um com seus problemas! Ou, como vi em uma comunidade do orkut: “Quer falar? Vai na Hebe!”

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Fé repassada

Não repasso e-mails religiosos que no final me “obrigam” a participar de uma novena ou algo do gênero. Aliás, não costumo repassar e-mail de nenhum tipo que contenha alguma “ameaça” ou que apele para minha fé. Repasso e-mails de piadas, histórias bonitas, faço pedidos de orações a amigos e até mesmo encaminho mensagens que acho interessantes de serem reencaminhadas, mas sem coagir meu remetente a passá-la adiante.
Todo dia recebo pelo menos dois ou três e-mails com visita de Nossa Senhora, de Jesus, de algum santo. Aliás, pelo tanto de visitas que recebo, eles devem estar morando em minha casa! Antes que alguém fique indignado com o que estou escrevendo, quero esclarecer que não acho ruim receber essas mensagens. O que acho ruim é a colocação no final de que eu TENHO de reenviar o que recebi. Algumas dessas mensagens veem com o apelo absurdo de que se fosse uma piada seria repassada sem problema, ou seja, quem não a repassa é porque tem vergonha do seu Deus.
Absurdo para mim é querer impor minha fé a outras pessoas. Afinal, nem todo mundo é católico como eu. Eu não sei a religião de todo mundo que está em minha lista de e-mails. E como posso querer que a pessoa receba de bom grado uma mensagem onde há uma ameaça implícita caso ela não a repasse?
Eu participo de novenas se quero, e não porque um e-mail me obriga. Afinal, isso acontece no mundo real. Ninguém vai a uma novena se não quiser, e nenhuma ameaça é feita caso a pessoa não participe. Acho interessante quando recebo mensagens que iniciam com o apelo “escolhi 12 pessoas especiais, espero ter feito uma boa escolha”. Bom, eu me considero uma pessoa especial, e o fato de não repassar nem participar da corrente não me faz sentir mal ou algo assim.
Pior que isso é quando existe a promessa de um milagre no final! Será que Deus realmente fica distribuindo milagres a torto e a direito através de e-mails? Será que todo mundo recebe um milagre desejado apenas porque repassou uma mensagem? Onde fica a verdadeira fé? Porque repassar mensagens é muito fácil... Mas fazer sacrifícios para conseguir aquilo que se deseja é bem mais difícil, não é mesmo?