quinta-feira, 5 de maio de 2011

O inexplicável da morte de um filho

Não tenho filhos e nem vou ter. Sempre tive esse pensamento, o que não me impede de adorar crianças. Não tenho filhos mas tenho sobrinhas, as quais amo incondicionalmente e por quem sempre procuro fazer tudo o que posso. Não sei o que significa a expressão amor materno, e sei menos ainda o que é a dor de perder um filho.
Essa semana uma amiga querida e ex-colega de redação, a Érika Santiago, perdeu sua filha Vitória, de apenas cinco meses. A bebezinha havia nascido com alguns problemas de saúde graves, e desde seu primeiro dia de vida lutou bravamente para sobreviver. Passou por cirurgias e procedimentos complicados, mas no final seu pequeno corpo resolveu descansar.
Somente soube da morte e do enterro da Vitória tarde da noite, quando cheguei em casa. Não cheguei a conhecê-la, porque dos seus cinco meses e pouco de vida, apenas por 20 dias ela pode ficar em seu quarto, preparado com todo carinho pela futura mamãe. Mas buscava sempre notícias dela e, a cada e-mail recebido com boas perspectivas, a torcida para que ela conseguisse superar todos os seus problemas de saúde aumentava.
Não imagino e nunca vou saber o tamanho da dor de perder um filho. Dizem que não há palavras para descrever esse sentimento, e que é contra a natureza um filho morrer antes dos pais. Conheço outras pessoas que perderam filhos, e já vi as mais diversas reações: aqueles que se recuperaram e conseguiram seguir em frente, e aqueles que nunca mais sorriram verdadeiramente.
Liguei para Érika na terça-feira à noite e pude sentir a dor em sua voz. Ainda assim, essa amiga me passou uma lição de conformismo, de aceitação e de fé que poucas vezes vi em minha vida. Durante a conversa, segurei as lágrimas em muitos momentos. Não me sentia no direito de chorar porque, a despeito de a voz da minha amiga estar triste, ela não chorou. Ela mostrou que a dor da perda da pequena filha era grande, mas que toda a luta pela sua vida não havia sido em vão.
No dia seguinte ao enterro da Vitória, Érika deu mostras de um desprendimento pouco visto nessas situações, em tão pouco tempo: pegou o enxoval de sua filha, com roupinhas que nem haviam sido usadas, e doou tudo à maternidade do hospital de Nova Odessa.
Neste domingo, Dia das Mães, Érika não terá Vitória em seus braços para comemorar a data. Mas sei que o amor dela pela bebezinha continua imenso. Assim como sei que todas as mães que tiveram seus filhos levados antes delas pensarão neles com um amor imensurável. E tentarão superar a dor com a certeza de que esses filhos, lá de cima, estão olhando por elas.

Um comentário:

Erika Santiago disse...

Andréa, você é demais! Muito obrigada pelas palavras. Você soube como poucos, expressar o que de fato conversamos e o que você vivenciou comigo nesta luta pela vida. Certamente a Victorinha está no céu e esse amor rompe as barreiras do sobrenatural. Um dia a verei com toda certeza e essa certeza e força vêm de Cristo Jesus, o meu salvador! Bj enorme e fica com Deus! Adorei revê-la nesta sexta, dia 13.