sábado, 28 de maio de 2011

Direitos "mau" aproveitados

Antes que algum leitor mais desavisado ache que escorreguei feio no Português e usei a palavra errada antes de aproveitados, esclareço que expressei meu pensamento de forma correta. Não quis dizer “mal” aproveitados, no sentido de poucos usados, mas sim “mau”, no sentido de aproveitados da maneira errada.
Estamos acostumados a reclamar de muita coisa, e achamos ótimo quando algum direito nos é concedido através da lei. Porém, percebo que, adepto do famoso “jeitinho”, o brasileiro, em sua maioria, sempre tenta aproveitar do seu direito de maneira vantajosa, sem se preocupar se, com isso, está prejudicando alguém.
Um bom exemplo disso são as filas para idosos, gestantes, mães com crianças no colo e portadores de necessidades especiais. Já cansei de ver “idosos” usando a fila para pagar malote de empresas, que se beneficiam desse direito para contratar funcionários mais velhos, que são atendidos antes do público comum. Legalmente falando, nada posso fazer, porque a lei é clara. Porém, moralmente, acho absurdo um idoso que está trabalhando (e, portanto, deve estar muito bem de saúde!), se aproveitando dessa lei para levar vantagem na hora de pagar as contas de uma empresa.
Também acho interessante quando vejo mulheres com crianças de cinco, seis anos no colo apenas para se beneficiarem da lei. Qualquer pessoa de bom senso sabe que criança de colo é aquela que ou não sabe andar, ou ainda é muito pequena para ficar sendo segurada apenas pela mão em lugares públicos. Mas ninguém vai conseguir me convencer de que uma mãe com uma criança dessa idade tem direito a passar na minha frente em uma fila.
Por ter carteira de motorista especial devido às cirurgias que fiz quando tive câncer de mama, tenho o direito, por lei, de estacionar na vaga dos portadores de necessidades especiais. Poderia me aproveitar desse benefício, afinal, essas vagas são um pouco maiores que as comuns, e isso me facilitaria muito na hora de estacionar meu carro. Porém, quando me questionam o porquê ainda não tenho esse adesivo, sempre digo que minhas pernas são ótimas, e que não me dá trabalho nenhum estacionar um pouco mais longe, quando não consigo colocar o carro em lugares apertados. Aliás, quando as pessoas sabem que tenho desconto para comprar automóvel, elas pensam que posso ter quantos carros eu quiser. Acho ótimo que essa lei impeça que os beneficiados tenham o desconto para mais de um veículo, e que a troca somente possa ser feita após três anos de uso. Esse é um dos poucos benefícios que conheço que são “bem” aproveitados: apenas por quem realmente precisa, e não para fazer comércio.
Essa é a diferença entre ser oportunista e ter um direito: aquele que busca vantagem faz de tudo para consegui-lo, e aquele que realmente precisa, muitas vezes abre mão dele, em prol do bem comum.

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