sábado, 26 de março de 2011

Opinião não se discute - respeita

Artigos opinativos costumam despertar amores e ódios, dependendo do assunto abordado. Difícil agradar a todo mundo, principalmente quando o tema é polêmico. Por isso concordo com o grande Nelson Rodrigues, que disse que “toda unanimidade é burra”. Ou, repetindo uma frase que sempre uso quando falo das diferenças entre as pessoas, se nem Cristo conseguiu agradar a todo mundo, como pode qualquer um ter essa pretensão?
Claro que opiniões acabam suscitando muitas vezes discussões. Mas sou do tipo de pessoa que, quando não concorda com o que o outro pensa, principalmente em temas polêmicos, fica quieta. Posso até discordar, mas acredito que cada um tenha o direito de pensar o que quiser. Religião e política, por exemplo, são dois assuntos que as pessoas raramente me ouvirão discutindo. Se não admito que ninguém venha tentar me converter, como vou me achar no direito de tentar fazer o outro entrar para a minha igreja?
Mas o que não admito, e jamais vou admitir, é que qualquer pessoa, principalmente quem não me conhece, venha me julgar pelo que penso. O fato de eu não querer ter filhos, por exemplo, não faz de mim uma mulher que não gosta de crianças – muito pelo contrário, e quem me conhece sabe muito bem disso. A despeito de eu achar o casamento na igreja com festa e tudo o mais algo desnecessário, isso não me impede de me emocionar quando vou às cerimônias dos meus familiares e amigos. Apesar de ser totalmente a favor da pena de morte, jamais apoiarei a existência de milícias e esquadrões que a aplicam sem qualquer tipo de julgamento e direito de defesa.
Opiniões refletem apenas uma pequena parte do que somos. Mas isso não quer dizer que são eternamente imutáveis. O filósofo francês Blaise Pascal disse uma célebre frase sobre isso: “Não me envergonho de mudar de ideia, porque não me envergonho de pensar”. Todos nós mudamos de opinião a respeito de algo pelo menos uma vez na vida.
Mas acredito que nossos princípios e concepções mais arraigados dificilmente são transformados. Nossos valores mais sagrados, aqueles que defendemos com unhas e dentes, dificilmente serão transformados em algo totalmente oposto. Podem ser suavizados ou embrutecidos, de acordo com nossas experiências – mas a essência deles com certeza se mantém a mesma.
Mais importante que tudo, é sempre bom saber que existe um espaço onde podemos externar nossos pensamentos. Seja num jornal, num blog, num livro, na televisão, no rádio, não importa – o importante é saber que temos o direito de manifestar aquilo que gostamos – ou odiamos.
Por isso, acredito que, antes de criticarmos ou julgarmos alguém negativamente apenas por uma opinião ou visão de mundo diferente da nossa, devemos parar e lembrar que muitas pessoas tiveram de se sacrificar, no mundo todo, para que o direito à liberdade de expressão fosse respeitado. Finalizo com uma frase célebre e mais que perfeita do escritor francês Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”.

Um comentário:

Inaie disse...

Engracado como concordo e discordo de voce ao mesmo tempo...concordo com o direito a opiniao e principalmente a liberdade de expressao, mas quandoe u discordo de alguem, defendo meu ponto de vista, argumento, na esperanca de que a discussao va enriquecer os dois lados. Adoro quando uma boa discussao me leva a reflexao, e as mudanca da minha opiniao - ou da opiniao alheia. Como e que vamos crescer sem trocar ( as vezes apaixonadamente) opinioes e "brigarmos"pelo que acreditamos?
Que se mantenha o respeito - e que a gente brigue ate a morte!!!