quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A maldade que existe em nós

O ser humano, por excelência, é maldoso. Por mais que tentemos nos isentar de opiniões pré-concebidas sobre qualquer assunto, volta e meia nos pegamos fazendo comentários que mostram, se não o preconceito, a maldade que existe dentro de nós. Aqueles que fazem questão de usar essa maldade todos os dias são conhecidos como “venenosos”. Porém, por mais que tentemos ficar de fora desse tipo de comentário, bem lá no fundo, quase todos nós gostamos de uma fofoca, principalmente se ela vier acompanhada de uma boa dose de maldade.
O maior problema das pessoas maldosas, porém, é que elas não se limitam a fazer seus julgamentos, mas querem provar que eles são certos. Um bom exemplo disso ocorreu na posse da presidente Dilma Roussef. Ao invés de prestar atenção num momento histórico (independente de partidarismo, ela foi a primeira mulher a assumir o cargo no País), a maior parte do povo ficou de olho bem grudado na mulher do vice-presidente Michel Temer, a ex-miss Paulínia, Marcela Temer, 43 anos mais jovem que ele. A diferença de idade entre os dois foi o assunto principal de muitos jornais, e o julgamento já está feito: ela casou por dinheiro, não existe amor entre os dois, foi um golpe... Nenhum comentário positivo sobre seu caráter, como se todos a conhecessem e soubessem dos seus sentimentos.
Não estou aqui sendo “Poliana” e fechando os olhos para os relacionamentos em que o interesse financeiro é a tônica. Existem aqueles casos óbvios, que só não vê quem não quer. Mas também existem aqueles em que os verdadeiros sentimentos de amor e companheirismo uniram o casal.
Não vou ser hipócrita e dizer que nunca fiz fofoca ou que tenho ojeriza quando alguém chega para me contar algo maldoso. Mas daí a sair envenenando tudo que vejo e ouço vai uma grande distância. E esse é o problema da pessoa verdadeiramente maldosa: para ela, denegrir a imagem do outro, sem se importar com as consequências de seu ato, é um prazer constante.
Quando digo que sou jornalista, muitas vezes ouço o comentário de que somos todos maldosos. Infelizmente, tenho de concordar que muitos colegas são mesmo assim. Uma coisa é ser perspicaz e captar nas entrelinhas o que um entrevistado deixa de dizer, ou investigar bem um assunto e sair dele com um belo furo. Outra é, a partir de qualquer fala menos explícita, sair com matérias em que palavras como “pode”, “talvez”, “aparentemente” são a tônica, sem confirmação confiável do assunto.
Não devemos ser anjos ou demônios. Temos de procurar um equilíbrio entre esses dois extremos. Até porque, se nos descuidarmos, nosso espírito acabará sendo dominado pela maldade que existe em nós.

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