quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Assumindo os anos vividos

Envelhecer é um dos maiores pecados que uma mulher pode cometer para a sociedade imediatista, que valoriza o lado estético acima de tudo, esquecendo que os anos realmente passam e, por mais que se lute contra, a idade chega para todo mundo, sem exceção de raça, credo ou classe social.
Chego aos 39 anos amanhã sem nunca ter feito nenhuma intervenção estética, a não ser as plásticas de reparação da minha mastectomia. Graças a uma genética um pouco abençoada, sempre ouço, quando digo minha idade, que pareço mais nova. Costumo dizer que essa aparência se deve não aos milagres estéticos que prometem rejuvenescimento em tempo recorde, mas sim ao espírito jovem que procuro ter em todas as ocasiões.
Não sou contra plásticas, muito pelo contrário. Acho que, se a pessoa está realmente infeliz com sua aparência, se aquilo a afeta de tal modo que ela não consegue se realizar em nenhum aspecto, deve sim usar e abusar das cirurgias que ajudam, e muito, a aumentar a autoestima. O que sou contra é a busca incessante da juventude eterna, as remodelações de corpo e rosto que transformam muitas mulheres bonitas em bonecas sem expressão, que se escravizam e lutam contra algo que não têm poder para interromper: a passagem dos anos.
Acho engraçado quando vejo amigas mentindo a idade, sem qualquer pudor. Mais engraçado ainda é quando quem faz isso aparenta os anos que tem, ou seja, o tiro sai pela culatra: se eu tenho 39 e falo que tenho 30, as pessoas, entre si, dizem que estou envelhecida. Quando assumo a idade que tenho e ela condiz com minha aparência, o máximo que pode acontecer é não ouvir elogios – mas também não correr o risco de ser ridicularizada pelas costas.
Assumir os anos vividos é uma arte. Quando eu tinha 15 anos, uma pessoa de 39 era velha. Ao completar 39 anos, me sinto muito mais nova do que sou. Digo que tenho a experiência ideal para minha idade, com o espírito ainda jovem para aproveitar todas as coisas boas que a vida puder me oferecer. Quando vejo pessoas com 40 e poucos anos dizendo que são velhas, fico imaginando o que elas viveram até agora para se sentirem assim.
Cada marca que trago na pele e cada sinal de expressão são lembretes do que já vivi. Não vou pregar aqui que se dispam de toda vaidade e não se cuidem, mas sim que valorizem a idade que têm. Cada ano vivido é uma vitória, e cada um deles merece ser comemorado. Poucas vezes em minha vida deixei de celebrar meu aniversário – e amanhã não será exceção à regra. Não sei o futuro, mas o que importa é que chego a mais um ano, que se soma aos 38 muito bem vividos. Com certeza, vou aproveitar a nova idade da melhor maneira possível.

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