quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Assumindo nossa culpa

A banalização do sexo, em todos os sentidos, chegou a um ponto em que estupro de mulher bêbada é considerado normal, “afinal, quem garante que ela não queria isso mesmo?” Os conceitos machistas que tanto criticamos estão enraizados na sociedade brasileira há séculos e, a despeito de os jovens de hoje agitarem uma bandeira de modernismo nesse aspecto, o que vemos sempre é a colocação da culpa na mulher quando qualquer acontecimento envolvendo sexo é jogado na mídia.
Em hipótese alguma concordo com o machismo de que somente o homem tem direito a fazer o que bem entender entre quatro paredes, e a mulher deve se preservar pura e sagrada até encontrar o príncipe encantado (até porque ele não existe, vamos e convenhamos!). Mas temos nossa parcela de culpa nesses conceitos tão arraigados quando não nos damos ao respeito. E entendo por respeito não o comportamento adotado dentro do quarto, mas sim aquele que adotamos em todos os outros momentos da nossa vida.
Quando uma mulher deixa que um homem a trate como objeto, ela deixa que ele pense que todas as outras são assim. Quando permito que um homem me diga, em cruas palavras, que quer me levar para cama e curtir apenas uns momentos, permito que ele pense que sou apenas um objeto de desejo. Pior: permito que ele pense que não tenho valor algum, e por isso sou descartável.
Não vamos ser hipócritas e fingir que o sexo casual não acontece. Existem mulheres perfeitamente bem resolvidas nesse aspecto e que, quando estão sozinhas, se dão ao direito de exercitarem sua sexualidade sem que haja a necessidade do compromisso. O que diferencia essas mulheres daquelas tratadas como objeto é que elas sabem com quem sair e não deixam que qualquer homem dite as regras, como se estivessem disponíveis a qualquer minuto. Por isso, buscam para esses momentos apenas homens bem resolvidos, que sabem o verdadeiro valor de uma parceira – mesmo que seja por apenas umas horas.
Vejo muitas mulheres carentes que se sujeitam a saídas rápidas, entre um compromisso e outro do parceiro, na esperança de que esses momentos fugazes se transformem em um namoro. Ledo engano. A grande oferta determina o valor do produto: quanto mais abundante, menor o seu preço. Acho interessante essas mulheres justificarem seu comportamento, dizendo que também estão aproveitando. Mas constato que, ao contrário delas, que desmarcam qualquer outro compromisso quando os “ficantes” ligam, eles não abrem mão de nenhum evento com os amigos para sair com elas. Ou seja, o equilíbrio não existe. O sexo sem compromisso existe – mas quando a vontade dele se manifesta. A dela, é problema dela.

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