quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Situações iguais, desfechos diferentes

Semana passada uma notícia chocou quase todo mundo: uma criança americana de quase dois anos foi filmada pela própria mãe fumando maconha. A menina foi entregue a outros parentes para ser cuidada e a mãe está presa, aguardando julgamento. Se condenada, pode pegar pelo menos seis anos de prisão. Um agravante deixou os policiais e assistentes sociais do caso mais estarrecidos: pela maneira como estava agindo, é possível que a criança fosse acostumada a fumar, e que a filmagem não tenha sido de um ato isolado.
Há pouco mais de 20 dias fato semelhante aconteceu no Brasil. Em Cabedelo, na Paraíba, a polícia encontrou um vídeo de um menino de cerca de três anos também fumando a substância ilícita. Na filmagem um homem aparece dando a droga ao menino, observado pela mãe, que não faz nada para impedir o ato. Pior: ela e o homem gargalham o tempo todo ao ver a criança usando a droga. A mãe também perdeu a guarda do pequeno, mas não foi presa. Motivo: alegou estar sendo ameaçada pelo traficante do filme, na época seu companheiro, e que foi obrigada a deixar o filho fumar maconha. Assim, enquanto as investigações correm, ela está solta.
Estou bastante cansada de ler notícias em que alegações absurdas justificam crimes mais absurdos ainda. Não dá para acreditar que uma pessoa que gargalhava ao ver um traficante dar droga a seu filho estivesse realmente sendo ameaçada. Qualquer pessoa de inteligência mínima percebe que a mulher está muito à vontade no filme, inclusive participando ativamente do que está sendo feito.
Essa mãe (se é que podemos chamar uma pessoa assim de mãe!) merecia estar presa, e não esperando o julgamento em liberdade, muito provavelmente passeando e despreocupada. E grávida de outra criança, que deverá ter um triste futuro, se pensarmos em como ela cuida do primeiro.
Fazemos escolhas em nossas vidas que têm consequências em todos os nossos futuros atos. Se escolho morar com um traficante, como essa mãe, não posso querer depois justificar qualquer ato errado meu por ameaça. Se estava realmente correndo risco, por que não foi fazer denúncia à Polícia? Por que não fugiu? Por que não buscou ajuda? Por que não se escondeu?
Sei que muita gente vai querer justificar a covardia dessa mulher pelo medo, mas não há medo que justifique uma mãe agir como ela agiu. Quando vi a notícia sobre a mãe americana semana passada, não pude deixar de, mais uma vez, sentir vergonha por nossas leis serem tão complacentes. Lá, a mulher vai ser julgada, pode até ser inocentada, mas enquanto isso está presa e vai ter bastante tempo para repensar seus atos. Aqui, a mãe está esperando outra criança e, muito provavelmente, sem se preocupar nem um pouco em como está seu outro filho. Situações iguais, mas desfechos muitos diferentes.

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