quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sem limites de privacidade

Manter a privacidade, para muitas pessoas, ainda é importante, mesmo em tempos de redes sociais de todos os tipos, BBB em vários países e paparazzi de plantão para flagrantes de celebridades. Somos bombardeados 24 horas por informações pessoas que muitas vezes sequer nos interessam, mas temos a opção de dar (ou não) atenção aquilo que nos é mostrado.
O problema é que o limite entre privacidade e público ficou muito tênue. Esta semana tive um exemplo bem claro disso. Com quatro amigas, fui almoçar e, ao entrar no banheiro do restaurante, demos de cara com uma cena inusitada (para não dizer de extremo mau gosto e falta de senso): uma moça, bem arrumada inclusive, sentada no vaso sanitário, fazendo suas necessidades, com a porta totalmente escancarada.
Quando entramos e vi aquela cena, imaginei que ela iria fechar a porta rápido. Muito pelo contrário: ela continuou na mesma posição, e não se importou em até mesmo se limpar diante de nossos olhares espantados. Não que tenhamos ficado olhando diretamente para ela, mas na pia onde estávamos lavando as mãos havia um espelho onde era possível ver essa imagem nada agradável para quem estava indo almoçar. Procuramos sair o mais rápido possível do banheiro, afinal, não me interessa saber o que cada pessoa faz quando está sentado em um vaso sanitário.
O limite entre público e privado não existia nesse caso. A moça não se preocupou se a sua atitude iria incomodar outras pessoas. Fiquei imaginando se esse comportamento ela adota em todos os lugares, ou se foi uma situação pontual, já que sua carteira e celular haviam ficado na bancada da pia e, com a porta aberta, ela poderia vigiá-los. Independente disso, ficar com a porta escancarada, em um banheiro de restaurante, incomoda as pessoas. E muito!
Essa falta de limites de privacidade está se tornando cada dia mais comum. Eu mesma tenho um tom de voz alto, e às vezes não percebo que posso estar incomodando as pessoas próximas a mim quando estou em lugares públicos. Agradeço aos meus amigos que me avisam quando elevei a voz, porque não faço isso de propósito, e até mesmo tento às vezes me policiar para que isso não ocorra.
Mas noto que a maioria das pessoas não se preocupa com nada disso. Falar alto, muitas vezes contando detalhes de histórias sórdidas, faz parte do comportamento em público. Falar ao celular para que todo mundo possa ouvir o que está sendo conversado também é bastante comum. Os limites de privacidade precisam voltar a ser retomados. Ninguém precisa saber o que conversamos e, principalmente, o que fazemos no banheiro.

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