sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Espírito de gastar

Chegamos mais uma vez ao fim do ano e todo mundo já começa a falar no famoso “espírito natalino”, em confraternização, amor, paz, companheirismo, perdão... Em todos os sentimentos bonitos que deveria haver em nossos corações durante o ano todo, mas que parecem ficar submersos em algumas pessoas e surgir com toda força apenas nessa época.
Observando o centro e o shopping essa semana, vi a multidão de gente dentro das lojas comprando presentes para a família toda, amigos, conhecidos, a manicure, a empregada, e quem mais for merecedor de um agrado especial. Cheguei a uma conclusão engraçada: na verdade, o que toma conta da gente nessa época do ano é o espírito de gastar. Seja com a gente mesmo, seja com o outro, parece que esperamos as festas de fim de ano chegar para justificarmos nosso desejo de consumir sem freios.
Claro que o reforço do décimo terceiro ajuda (e muito) para que esse espírito aflore com bastante força. Ao invés de guardar o dinheiro extra ou quitar dívidas, a maioria prefere investir em presentes para todo mundo. E não importa se o presente é caro ou apenas uma lembrancinha, o que vale é o prazer de ver a pessoa agradada com um largo sorriso no rosto quando abre o pacote.
Como consumista assumida que sou, digo que gastar realmente dá prazer. Esta semana fui comprar os presentes dos meus pais e jurei a mim mesma que só gastaria com eles, e mais ninguém. Em menos de duas horas no shopping, acabei comprando os deles e mais dois pares de sapatos (meu vício), com a justificativa de que “trabalho muito e mereço um agrado”.
Escolher os presentes também dá muito prazer. Ficar pensando naquilo que vai surpreender, tentar sair do lugar comum, imaginar o que pode agradar a pessoa presenteada e ficar na expectativa até a entrega do mimo traz uma sensação gostosa. Afinal, quem não fica feliz ao perceber que uma pequena lembrança traz alegria a uma pessoa querida?
Mas é uma pena que somente nesta época o espírito de presentear aflore com toda força. Sempre esperamos uma ocasião especial para dar agradar aqueles a quem amamos. E esses, por sua vez, também esperam apenas receber presentes em datas especiais, como o Natal ou aniversário.
Talvez devêssemos deixar que o “espírito de gastar” tomasse conta de nós mais vezes durante o ano. Não estou sugerindo a todo mundo que se endivide, mas que não deixe passar a chance de mostrar o quanto gostamos de alguém quando podemos. E não estou falando apenas de gastar dinheiro, mas sim de esbanjar amor, paz, companheirismo, perdão, em todos os meses do ano. Não precisamos esperar o Natal para sermos generosos. A receptividade a esse tipo de sentimento está em alta todos os dias.

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