quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dois pesos, duas medidas

Se tem algo que me deixa profundamente irritada são as pessoas “dois pesos, duas medidas”. Estou falando daqueles que mudam de opinião conforme a situação, ou de acordo com a pessoa de quem se está falando. Eles preferem sempre estar em cima do muro ou, pior, mudam de conceitos quando podem ver uma vantagem em cima disso.
Uma vez estava num bar com umas amigas e uma delas estava saindo com um cara que namorava. Até aí, problema dela, e não meu. De repente entra uma garota que estava saindo com o namorado de uma amiga nossa. Todo mundo começou a criticar essa outra menina: que ela era uma vagabunda, uma “piranha”, que onde já se viu, e por aí afora. Nesse ponto eu falei: “Desculpem, mas a nossa amiga aqui também sai com um cara que namora. Qual a diferença entre elas duas?”. Óbvio que se criou um mal estar, mas uma delas prontamente respondeu: “Mas é outra situação. O namoro desse cara está péssimo, e o da nossa amiga está bem.” Se estava bem mesmo, acredito que ele não sairia com outra pessoa. Vi então que nem adiantava discutir: enquanto a “amante” era nossa amiga, havia justificativa; quando a traída era nossa amiga, a “outra” era vagabunda.
E vejo diariamente comportamentos assim. Quando eu atraso, é desconsideração; quando o atraso é do outro, qual o problema? Quando eu erro, é falta de vontade de fazer bem feito, quando o outro erra, é porque todo mundo é passível de erros. Quando digo “eu” quero dizer qualquer pessoa que passe pelas mesmas situações e se sinta incomodado com isso.
A frase que mais ouço nesses casos de “dois pesos e duas medidas” é a seguinte: “você tem de entender o outro”. Concordo, mas por que sempre a gente que tem de entender o outro? Por que o outro não tem de nos entender? Porque o erro dos outros é sempre menor do que o nosso?
Sou considerada radical por muitos amigos porque meu posicionamento sempre é o mesmo em relação a muitos assuntos. Se acho algo errado, acho errado para mim, meus pais, minha família, meus amigos, meus colegas de trabalho. Não costumo achar um comportamento errado de acordo com quem está cometendo o erro.
Mas sempre fico espantada em ver que ter princípios e segui-los é considerado radicalismo. Manter as opiniões, independente do que ou quem esteja sendo julgado, é ser oito ou oitenta. Prefiro ser chamada de radical a mudar meus pensamentos a cada dia. Para muitos, trocar de posicionamento conforme interesses pessoais é ser “ponderado”. Para mim, nesse caso, ser ponderado é não ter opinião própria e ser fraco. E fraqueza não combina com caráter.

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