quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O ápice da vulgaridade

Essa semana estava indo trabalhar e liguei o rádio para me distrair. Gosto de ouvir a Jovem Pan e por acaso estava no horário do Pânico. Peguei a entrevista pelo meio e ouvi umas garotas de um grupo de techno brega (o que é isso?) chamado As Apimentadas falando sobre sua “carreira”.
Sem falso moralismo, achei que o que estava ouvindo era o ápice da vulgaridade. A música de lançamento das moças chama “Melô da Cadelinha” e a letra é o maior hino que vi até hoje à submissão e humilhação de uma mulher. Pode até ter gente que vá ouvir e achar que no fundo, no fundo, toda mulher gosta mesmo de ser uma cadelinha, mas aí vai da concepção que cada um tem de si e do respeito que busca perante os outros.
Para melhorar, o clip das garotas foi feito em pleno Centro de São Paulo, com todas nuas. E a ideia nem é original, porque um grupo na França já fez a mesma coisa! Com uma diferença: lá, não houve tumulto por causa das mulheres sem roupa na rua. Aliás, achei isso até interessante, porque no Brasil, onde andar quase sem roupa é visto com naturalidade, nos últimos tempos temos visto que os homens não sabem mais se comportar quando se defrontam com uma mulher nua.
E o melhor era o tom da entrevista. Porque, no fundo, elas sabem que estão na onda da vulgaridade. Sabem que a música é vulgar, que o clip é vulgar, que a maneira como se comportam é vulgar. Mas querem justificar dizendo que estão buscando um espaço para um grupo “sensual”, com um toque diferente... O pessoal do Pânico chorava de rir durante a entrevista. Será que elas não percebiam realmente o quanto estavam sendo ridicularizadas todo o tempo do programa?
Fiquei mesmo pasma com tudo que ouvi. E mais pasma ainda fico em ver o quanto de espaço esse tipo de mulher tem na mídia. São os famosos exemplos de celebridades instantâneas tão comuns nos dias atuais: fazem uma música, aparecem em vários programas de televisão, posam nuas em revistas de grande circulação... e somem. Mas deixam aí a mensagem para muitas garotas: usem o corpo o quanto puderem, e esqueçam estudo, isso é para os otários. Uma pena que muitas ainda ouçam esse tipo de conselho, em alguns casos até mesmo incentivadas pelos pais.
Vamos ver quanto tempo o “Melô” estará em alta. Meu consolo é saber que esse tipo de lixo (porque é realmente um lixo) acaba logo sendo esquecido, e substituído por outra música tão ou mais vulgar, que logo some, e vem outra, e assim sucessivamente. Uma vergonha para um País onde nomes como Tom Jobim e Chico Buarque nos mostram que a poesia, para ser bonita, não precisa de vulgaridade nem da ausência de roupas. Precisa apenas de sensibilidade.

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