domingo, 2 de março de 2014

O machismo ainda impera


A declaração do vereador Eduardo da Silva (SD), feita há dez dias durante a sessão da Câmara de Americana, de que os maridos deveriam receber salários melhores para que as esposas possam ficar em casa cuidando dos filhos, é um total desrespeito às representantes do sexo feminino que o elegeram e também ao restante das mulheres da cidade, que se encontram tão mal representadas por um parlamentar machista e retrógrado.
Na semana em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher – uma data que a mim não remete à comemoração, mas sim à reflexão, porque mostra o quanto o sexo feminino ainda é relegado a segundo plano em muitas situações – ver que existem homens que acreditam que a mulher somente trabalha por dinheiro e não por realização pessoal é extremamente frustrante.
Existem sim muitas mulheres que optam por ficar em casa e cuidar dos filhos quando a situação financeira o permite. Respeito-as totalmente. Diferente das pessoas que não valorizam o trabalho doméstico e nem a criação de filhos, que consideram isso uma “obrigação” feminina e que não param um segundo sequer para pensar no quanto essa carga de trabalho é pesada, eu respeito aquelas que se dedicam à casa e às crianças. Lembro de minha mãe, que nunca pôde dirigir por causa de um problema de vista, mas que levava a mim e meus dois irmãos ao dentista, ao médico, à escola, tudo a pé ou de ônibus, além de cuidar da casa. Por isso, respeito as mulheres que fazem da vida doméstica e da criação de filhos sua opção.
Da mesma maneira respeito quem, podendo ficar em casa, opta por melhorar. Não considero uma mulher mais ou menos mãe porque fica fora o dia todo enquanto a criança está na escola ou sendo cuidada por outra pessoa. O conceito de que apenas a mãe cria o filho e cuida da casa já está mais do que ultrapassado. Pode ter sido a regra na época de meus avós e meus pais, mas os relacionamentos hoje são baseados em troca e companheirismo, e não mais em submissão e sobrecarga de trabalho apenas para o sexo feminino.

O nobre vereador americanense perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado quando estava discutindo a votação do Bolsa-creche. Uma mulher não trabalha apenas para ajudar seu marido no orçamento doméstico. Na maioria das vezes, ela trabalha por prazer, por competência, por gostar da profissão, por achar importante contribuir nas despesas do casal. Achar que o bom salário do marido é o que toda mulher precisa para se sentir feliz é desprezar as representantes que hoje ocupam altos cargos corporativos e políticos no mundo todo, inclusive nossa presidente. Pedir desculpas por declaração tão desrespeitosa não é suficiente. Meu consolo é que hoje em dia homens como esse parlamentar não são mais a maioria.

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