quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A liberdade de ser feliz

É fato que o nível de divórcios aumentou em todo o País desde que o processo se tornou menos burocrático. Casais que antes não faziam a separação legal por entraves da lei hoje conseguem, com muita facilidade, principalmente se não tiverem filhos, a dissolução do casamento de maneira fácil e rápida. Assim, esse aumento, que muita gente ainda enxerga como absurdo, deveria ter sido previsto e até mesmo esperado.
Não acho correta a afirmação de que a facilitação do divórcio é que tem provocado o fim dos casamentos. Aliás, acho excelente que hoje as pessoas possam ter a chance de recomeçarem suas vidas sem obstáculos burocráticos impedindo uma nova união.
Ninguém casa já pensando em se separar. Quando os noivos juram amor eterno, acreditam que a união será mesmo para sempre. Porém, como já dizia Renato Russo, o “prá sempre, sempre acaba”. Conhecemos casais que estão juntos há 40, 50, até 60 anos, unidos por um amor inabalável e um companheirismo invejável. Mas acredito que também todo mundo conheça aquele casal que está junto há décadas, cujo relacionamento é péssimo, cuja convivência é na base do suportável, e não do desejável.
Qualquer tipo de convivência é alicerçada na tolerância. No trabalho, não conseguimos gostar de todos os colegas, assim como não somos adorados por todos. Mas, usando as regras do bom senso, conseguimos conviver no dia a dia com essas pessoas. Inconscientemente (ou até com plena consciência!) sabemos o seguinte: quando meu horário acabar, não sou obrigado mais a olhar na cara da pessoa que não gosto. Não sou obrigada a ir num barzinho junto, sair para jantar, sentar na mesma sala para dar risada.
Num casamento, porém, não podemos simplesmente pensar assim. Casais acordam juntos, jantam juntos, dormem juntos, e dividem o mesmo espaço. Tolerância e paciência são virtudes inerentes quando se está casado. Mas, muitas vezes, a paciência se acaba, assim como o amor. Sempre digo que o fim de um relacionamento não é culpa de uma pessoa só, mas de uma soma de fatores. E, se não sou feliz com quem estou no momento, por que me obrigar a ficar com essa pessoa o resto da vida?
Acredito na seguinte premissa: antes de eu gostar de outra pessoa, tenho de gostar de mim. E quando não existe mais respeito, não há sentido em ficar mais junto. Por isso avalio como muito positiva essa possibilidade que hoje as pessoas têm, ao conseguirem finalizar um casamento sem toda a burocracia e obstáculos que existiam no passado. Para mim, todo mundo pode ter a liberdade de ser feliz – mesmo que seja pela segunda ou décima vez.

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