quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O pior sentimento do mundo

Volta e meia, quando estou em bate-papos regados a choppinho e porções, surgem aqueles papos existenciais com os amigos. Numa dessas “discussões filosóficas”, ficamos a debater qual seria o pior sentimento que uma pessoa pode nutrir por outra. Uns disseram que era a inveja, outros o ódio, outros a raiva, outros o desprezo. Concordo com esse último grupo: para mim, o pior sentimento do mundo é o desprezo.
E por que isso? Por que não o ódio, ou a raiva? Simples: quando sentimos ódio ou raiva de alguém, isso significa que essa pessoa ainda é importante para nós. Enquanto ficamos alimentando esse sentimento, estamos na verdade ainda ligados a quem, de alguma maneira, nos magoou ou machucou. E, enquanto nos sentimos assim, essa pessoa, de certa forma, ainda continua nos atingindo.
Mas quando sentimos desprezo, isso significa que aquela pessoa não significa mais nada para nós. Na verdade, ela significa menos que nada. Ou melhor, ela até significa algo: um ser humano digno de pena. E pena é outro sentimento que acho péssimo. Afinal, quando sentimos pena de alguém, normalmente é porque aquela pessoa atingiu o fundo do poço. E quem está no fundo do poço não merece nenhum outro sentimento além desse.
O interessante é que normalmente as pessoas que desprezamos são aquelas que mais buscam nos atingir. Insatisfeitas com as próprias vidas, elas buscam se inserir na nossa de todas as maneiras, buscando qualquer coisa para nos machucar. Para elas, a nossa felicidade é uma ofensa, daí vem seu grande objetivo: nos incomodar.
Quando essas pessoas percebem que não conseguem nos incomodar, nos atingir, nos ferir, nos machucar, é como se estivessem sendo incomodadas, feridas, machucadas. Por isso digo que o desprezo é o pior sentimento do mundo: você simplesmente apaga esses seres humanos da sua vida. Nada, absolutamente nada do que eles façam podem atingi-lo. E nenhuma pessoa que eu conheço gosta (ou admite) ser desprezada.
Por isso costumo dizer que prefiro mil vezes sentir raiva de alguém do que desprezo, que vem sempre acompanhado da mais completa indiferença. Quando tenho raiva de alguém, sou capaz de chorar, de me importar, de querer saber como ela está. E, mais importante de tudo: ainda existe a chance de esse sentimento mudar, se transformar em perdão, e com isso o relacionamento (seja de amizade ou amoroso) ser retomado. Porém, quando chego no desprezo, essa chance não existe, em absoluto. Sinto desprezo por pouquíssimas pessoas. E nem me sinto culpada pelo que sinto, por apenas uma razão: se cheguei a esse ponto, é porque essa pessoa realmente não valia nada. E quem não vale nada não merece nem um segundo da minha atenção.

Nenhum comentário: