Do começo do
ano para cá, a cada 15 dias pelo menos – isso quando não semanalmente – somos
surpreendidos com um crime que nos choca tanto pela crueldade do delito quanto
pela total indiferença do criminoso perante à vida de sua vítima. Se eu fosse
citar cada evento brutal que tivemos conhecimento desde o início de 2013,
acabaria não escrevendo um artigo, mas um compêndio de incontáveis páginas,
tantos são os casos que ocorreram nesse período.
Assim, cito
apenas os dois mais chocantes crimes noticiados na última sexta-feira. O
primeiro foi a morte do menino de cinco anos, baleado a sangue frio por um dos
criminosos que havia invadido sua causa, apenas porque ele estava chorando e
porque os R$ 4,5 mil que os ladrões estavam levando era “pouco dinheiro”. O
segundo foi o estupro e morte de uma garota de 14 anos, em Colombo, no Paraná.
Esse caso me deixou mais chocada do que qualquer outro que eu tenha visto ainda
porque, após a garota ter ficado agonizando uma noite toda em um matagal, seus
algozes voltaram no dia seguinte, a estupraram novamente e somente então a
mataram.
Nos dois
casos me vem aquela sensação que tem acometido as pessoas quando eventos
absurdos como esses acontecem: a impunidade. Mesmo com os criminosos presos em
ambos os casos, é sabido que, devido as nossas leis arcaicas, que datam da
década de 1940, eles ficarão pouco tempo na cadeia – isso se não ficarem
impunes, dada à quantidade absurda de recursos que permitem que mesmo os bandidos
mais cruéis possam responder seus processos em liberdade.
Para piorar
ainda mais a situação, quando se clama por punições mais rigorosas, grupos de
Direitos Humanos já se manifestam contra, com as alegações mais diversas, mas a
principal delas, sempre, é que a culpa dos crimes é da nossa sociedade e suas
diferenças sociais. Aliás, a culpa sempre é de alguém: da sociedade, de uma
família mal estruturada, da falta de estudo, de condições financeiras difíceis,
menos do próprio criminoso.
Claro que
educação e condições financeiras podem ajudar uma pessoa a evitar o caminho do
crime, mas precisamos reconhecer casos em que nada disso resolve, porque se
fosse assim, Suzane Von Richthofen jamais teria planejado a morte dos próprios
pais. Aliás, acho às vezes esse argumento um tapa na cara de milhões de jovens
que, a despeito de viverem em lares fragmentados e trabalharem em empregos
cujos salários são aviltantes, ainda assim levantam todos os dias cedo, perdem
horas do dia em transporte público, comem mal, mas estudam e buscam uma vida
melhor sem roubarem ou matarem ninguém.
Gritamos por
preços menores de transporte e o fim da corrupção. Está na hora de gritarmos
também por punições mais rígidas em nossa lei. Quem não quer ser preso não
comete crime. Simples assim. O que não podemos mais é deixar que crimes sejam
cometidos, com a quase certeza de impunidade por parte de quem os comete.
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