O
título acima dá a impressão que vou falar sobre algum confronto entre
manifestantes e a polícia, como temos visto em São Paulo nos últimos dias,
cujas principais vias têm se transformado em verdadeiros campos de guerra que
sempre vemos em países do Oriente Médio – e aos quais achamos “normais”. Mas
não é esse o caos ao qual me refiro. Falo do caos do trânsito, que virou um
verdadeiro martírio para quem quer sair de casa e ir apenas a um mercado fazer
uma compra.
Já
ouvi muita gente dizer que tenho sorte por morar no interior, onde a vida é
mais tranquila do que na capital paulista. Sou obrigada a concordar que essa
visão idílica em parte ainda é real. Mas eu disse “em parte”. Hoje, vemos
muitos problemas de cidades grandes chegando ao interior, ocupando seu espaço e
dando sinais de que vão se instalar definitivamente, sem perspectivas – pelo
menos em curto prazo – de serem resolvidos. O trânsito é um deles.
Moro
em Piracicaba, como muitos dos leitores já sabem. A cidade hoje tem meio milhão
de habitantes e, há pouco mais de cinco anos, tinha um trânsito relativamente
tranquilo. De lá para cá essa situação mudou bastante. Posso dizer isso com
propriedade porque, mesmo passando pouco tempo na cidade, já que na maior parte
do dia estou em Americana, nas poucas vezes em que tive de enfrentar o trânsito
em horários nem tão de pico assim vi que estamos chegando ao caos.
Estou
escrevendo esse artigo na sexta-feira, dia 14, por volta das 11h30. Acabei de
voltar da rua. Fui a um mercado comprar alguns produtos, longe do centro, mas
em um bairro bastante populoso. Para chegar ao mercado – que não fica muito
longe da minha casa – levei quase 20 minutos, porque o trânsito estava parado,
com caminhões transitando em velocidade reduzida. Parece pouco, mas se
considerarmos que levo meia hora da minha casa para chegar ao jornal onde
trabalho, depois de percorrer exatos 35 quilômetros, é muito, demais até. Para
ir ao mercado gastei quase o tempo que levo para trabalhar.
Além
de muitos carros, vejo que um dos grandes problemas é a educação do motorista,
que parece achar que a rua é somente dele, esquecendo que existem outros
motoristas também na mesma via. Chegando ao mercado, ao tentar estacionar, dei
a seta indicando que iria entrar na vaga. Como a grande maioria das pessoas
acho que sequer sabe para que serve a seta no carro, o homem que estava atrás
de mim simplesmente ignorou meu sinal, parando seu veículo bem próximo ao meu e
me impedindo de fazer a baliza. Assim, somando-se ao enorme número de carros
circulando, às poucas disponíveis para estacionar, ainda temos de lidar com a
falta de educação total de motoristas que acham que a rua é propriedade
particular, e não de todos. Definitivamente, o caos da cidade grande está
chegando ao interior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário