Desde que me entendo por gente lembro-me de dizer que seria jornalista.
Mais interessante ainda, lembro-me que quando as pessoas diziam “então você vai
trabalhar na Globo”, sempre respondia que não, que eu iria escrever, porque era
a coisa que mais gostava de fazer, depois de ler. Sempre amei a escrita, e
quando pequena minhas redações eram sempre elogiadas pelos professores pela
criatividade e coesão.
Aos oito anos, minha professora escreveu em uma prova minha que quando
crescesse eu seria uma grande escritora. Alguns anos atrás tive a grata
surpresa de encontrar essa mesma professora em um restaurante, e senti-me
orgulhosa em contar a ela que, apesar de eu não ser uma grande escritora, havia
me tornado jornalista, e meu trabalho era escrever. Ao lembrar o que havia escrito em minha prova – a qual guardo
até hoje como um tesouro – ela se emocionou ao perceber que havia visto meu
potencial, mesmo eu sendo tão criança na época.
E ser jornalista parecia o caminho mais do que natural para mim. Para
não dizer que nunca pensei em ser outra coisa, prestei vestibular também para
Direito, mas já sabendo que, se passasse em Jornalismo, essa seria a profissão
escolhida. Mesmo sabendo que a carreira é difícil, que muitas vezes temos
dificuldades inimagináveis a quem está de fora dela, ainda assim decidi que eu
iria ser feliz fazendo aquilo que gostava.
Claro que, em alguns momentos da minha trajetória profissional, que
atinge a maioridade esse ano, tive vontade de desistir de tudo e fazer outra
coisa. Cheguei a dar aulas de inglês por 12 anos em escolas de idiomas, a maior
parte desse tempo trabalhando também como jornalista. E em 2004, após uma
demissão, desisti da carreira. Abandonei o Jornalismo e passei a me dedicar
integralmente às aulas, chegando até mesmo a ser coordenadora de uma escola.
Estava feliz com o que fazia, mas faltava algo. E esse algo era escrever,
apurar, buscar a verdade, sentir a movimentação de uma redação, esse ambiente
que se torna silencioso nas vozes, mas barulhento nos teclados na hora do fechamento,
cheio de personalidades diferentes, com uma coisa em comum: dar o melhor de si
em um texto.
Assim, em setembro de 2006, após dois anos e meio da minha decisão de
desistir da carreira, voltei a trabalhar na área, quando entrei no Liberal. De
lá para cá, passei por quase todas as editorias do jornal, e há dois anos e
meio estou em Cultura, a que sempre mais gostei, sem sombra de dúvida. E se um
dia tive dúvidas de que não devia ter voltado, essa semana um e-mail de uma
menina do quinto ano, elogiando um artigo meu de junho de 2011, me fez ter a
certeza de que estou na profissão certa, e que tenho um grande amor por ela.
Um comentário:
Parabéns Dea!!!
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