Tenho
acompanhado há cerca de um mês pelo Facebook a viagem de uma amiga jornalista,
Inaie Ramalho, que esteve no Vietnam e postou fotos belíssimas dos lugares
visitados. Depois de um passeio pela exótica Ásia, essa colega está agora na
Europa, mais precisamente em Berlim, onde tem visitado pontos turísticos e
históricos que, se tudo der certo, pretendo conhecer em 2013.
Como na
viagem à Ásia, Inaie tem postado fotos de tudo que visita. A semana passada, a
jornalista postou uma foto de um lugar fantástico: a East Side Gallery, uma
parte do muro de Berlim com cerca de 1,3 mil metros que é todo pintada por
artistas. As pinturas são lindas e muito coloridas, mas ao final do muro, uma
“obra de arte” chocou a minha amiga e a todos que viram a foto que ela fez: uma
pichação de cinco estudantes brasileiras, com quatro delas se autointitulando
“biscates 2012” (devem ser mesmo!), e os nomes e sobrenomes grafados de maneira
a não deixar dúvidas sobre a autoria de tamanho absurdo. O fato provocou tanta
revolta em quem viu a foto que outra amiga de Inaie acabou descobrindo o perfil
de todas as garotas no Facebook (viva a tecnologia!) e que elas são
intercambistas do Rotary, uma instituição mundialmente conhecida pela seriedade
de seu trabalho.
Aí fiquei
pensando em todas as vezes que lemos relatos de brasileiros sendo discriminados
ou destratados nos países europeus, principalmente na Alemanha, França e
Inglaterra, onde o respeito por sua história é a tônica de toda a sociedade. Já
morei em Londres e visitei vários países depois disso, e posso dizer, com uma
tremenda tristeza, que nem dá para reclamar muito, porque boa parte dos
patrícios que viajam para fora esquecem que as regras sociais desses lugares
são diferentes das nossas, e agem como se estivessem em seu próprio país, com
aquelas atitudes tipicamente brasileiras: furam fila, falam super alto,
estacionam em lugar proibido, desrespeitam os assentos para deficientes e
idosos, enfim, adotam o comportamento que aqui é aceito cotidianamente, mas que
nesses lugares nos coloca de volta à idade da pedra.
Fiquei
imaginando as estudantes (ainda me pergunto o que elas realmente foram aprender
na Alemanha) pichando o muro, olhando furtivamente para os lados para não serem
pegas em flagrante, e se achando as “espertas” por conseguirem pichar um
monumento que é o retrato de uma época que os alemães querem esquecer, mas
deixam ali inteiro para que a história não se repita. Dá para imaginar elas
tirando fotos para depois mostrarem aos amigos, e acreditando que, aqui,
ninguém ia saber mesmo disso, muito menos seus pais, que eu quero acreditar jamais aprovariam esse tipo de comportamento tão vulgar e desrespeitoso. Pois alguém soube, e está divulgando em todos os
lugares, com nome e sobrenome junto. Essas estudantes envergonham o país, e
reforçam aquilo que tanto queremos mudar: a nossa falta de cidadania.
2 comentários:
:-) imagine o meu shock quando vi o muro pichado. Queria me esconder de vergonha!
O texto no meu blog é o mesmo desde o meu fatidico encontro com o muro, ainda não tive "coragem"de muda-lo. Pena, por que a Alemanha vai me renedr posts ótimos.
www.inaier.blogspot.com
Obrigada pelo carinho de sempre, Déia!
Déia, parabéns por participar desse "coro" e ajudar a denúnciar comportamento tão ultrajante! Infelizmente os pais são os últimos a saber, mas dependendo da educação que tiveram, podem achar até bonito, afinal, o nominho das filhinhas biscates foi espertamente grafados em um monumento histório internacional.
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