Estamos acostumadíssimos a falar sempre da mãe, a
demonstrarmos amor o tempo todo pela mãe, a colocarmos mil fotos e frases em
redes sociais mostrando o quanto precisamos dela. Até mesmo as campanhas do Dia
dos Pais parecem que são menos emocionantes que as das mães, e as vendas
mostram que, em termos de datas comerciais, essa não é uma das que mais aquece
o comércio no ano.
Sou de uma geração que, em sua maioria, cresceu sendo
educado pela mãe, com o pai trabalhando fora. Claro que o entrosamento com a mãe
acabava sendo muito maior do que com o pai. Com isso, os pais se transformavam
naquela pessoa distante, normalmente autoritária, sempre trabalhando e, quando
estavam em casa, assistindo televisão e sem vontade de brincar.
Meu pai era assim. Hoje, aos 67 anos, ele dispõe de muito
mais tempo para ficar conosco do que tinha quando mais novo. Mas hoje somos nós
que não dispomos de tanto tempo assim para ficar com ele, porque trabalhamos e
queremos ocupar nosso tempo livre com amigos e atividades de lazer. Não que
isso seja um problema, porque ele não é daqueles aposentados que fica em casa o
dia todo lendo. Mas, ainda assim, às vezes ele se ressente de uma presença
maior dos filhos, que nem sempre estão disponíveis ou com vontade de faze o
programa que ele quer naquele momento.
Meu pai é uma pessoa de gênio forte e, dizem meus
familiares, eu puxei esse lado dele. Às vezes toma atitudes intempestivas e
acaba falando coisas que não devia, mas depois, a sua maneira, se redime
fazendo algo pela gente que não esperamos. Acredito que todo mundo tenha seus
conflitos com pais e mães, e falo que felizes são aqueles que conseguem
resolvê-los enquanto eles ainda estão aqui.
E ele é aquela pessoa que, quando a coisa aperta, está
sempre li. Como diz meu irmão mais velho, “na hora do vamos ver” é a ele que
recorremos. Seja para nos dar um conselho, para resolver um problema, para
pedir dinheiro emprestado. E, quando a coisa é realmente séria, ele acaba dando
um jeito de fazer aquilo que deve ser feito.
Já tive muitos atritos com meu pai. Quando entrei na
faculdade, ele ficou decepcionado, porque queria que eu tivesse feito Medicina
(justo eu!) e não Jornalismo. Mas, como o tempo tudo cura e tudo mostra, ele
acabou vendo que eu havia nascido para isso, e seria infeliz se tivesse outra
profissão. Hoje, não vou dizer que é meu maior fã, porque isso ainda não sei,
mas tenho mais do que certeza de que ele tem orgulho do que eu escrevo.
Por isso, espero muito que ele fique feliz com esse texto,
que é uma homenagem a todos os pais. Em nossos corações, seu valor é igual ao
da nossa mãe. Feliz Dia dos Pais!
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