quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mentiras disseminadas

Todos os dias recebo em média uns 60 e-mails com os mais diversos teores. Alguns trazem belas mensagens, outros são vídeos engraçados, e tem aqueles pessoais, de amigos querendo saber como estou. Infelizmente, porém, a maioria deles é composta por uma praga que vive enchendo nossas caixas postais: os famosos spams.
Passados pelo menos 15 anos do início da popularização da internet no Brasil, a maioria das pessoas ainda não sabe usar a rede de maneira a diminuir o lixo virtual, e aumentar as mensagens úteis. E nem faz isso por maldade. Simplesmente, as pessoas recebem algo que acham interessante ou que vai beneficiar alguém, e encaminham a todos da lista, dispostos e espalhar uma boa novidade ou conseguir ajuda para quem está passando dificuldade.
Um bom exemplo são duas mensagens que circulam há anos, uma oferecendo vagas gratuitas para tratamento de câncer no estômago, e outra dizendo que há córneas sobrando em Sorocaba. Em ambos os casos, números de telefone para se comprovar a veracidade da história. Ou sou muito azarada, ou os números estão errados, ou não existem: a verdade é que já tentei confirmar essas mensagens, e não consegui falar com ninguém.
Pior que isso são os e-mails sobre seqüestros e desaparecimentos. Há cerca de um mês recebi um sobre uma menina de Piracicaba, encaminhado por uma amiga, que inclusive conhecia os pais da criança. Escaldada pelo tanto de mentiras que já encaminhei pela internet resolvi checar os números de telefone e a veracidade da história. Menos de uma hora depois de ter recebido o primeiro e-mail, recebi uma segunda mensagem, da mesma amiga, dizendo que não tinha havido nenhum desaparecimento ou seqüestro, e pedindo desculpas por ter espalhado uma notícia daquelas.
A pressa em tentarmos ajudar, nesses casos, pode muitas vezes atrapalhar. Atualmente, quando recebo mensagens com títulos como “Ajudem pelo amor de Deus”, “Você não vai conseguir evitar o choro”, ou coisas do gênero, nem leio mais. Até porque a menina russa (ou polonesa, ou croata), cuja foto dela queimada circula pela internet há séculos, já deve estar com uns 15 anos, e não fiquei sabendo de nenhuma campanha do AOL (lembram-se de servidor?) para ajudá-la.
Antes os boatos se disseminavam boca a boca ou, no máximo, por telefone. Hoje, eles contam com uma ferramenta rápida e que tem um alcance de milhares de pessoas ao mesmo tempo. O problema não é espalhar notícias acreditando estar ajudando. O maior problema é não termos mais discernimento do que realmente é ajuda, e o que é puro boato. A hora que conseguirmos fazer essa distinção, o mundo virtual ficará bem melhor.

Nenhum comentário: