quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Falatório demais, trabalho de menos

Meu forte nunca foi política. Não quero dizer que sou alienada, apenas não gosto de discutir sobre o assunto, menos ainda com quem tem posicionamentos diversos aos meus. Afinal, assim como sou corinthiana e jamais vou convencer um palmeirense a mudar de time, também acredito que devo respeitar o posicionamento político de quem está a minha volta.
Por obrigações profissionais, nos últimos tempos tenho feito cobertura na área de política. Não é a primeira vez que trabalho nessa editoria. Em 2002 cobri a campanha presidencial e achei uma experiência interessante, apesar de exaustiva. E agora, novamente ano de eleição, estou temporariamente escrevendo sobre o assunto. Infelizmente, para minha decepção, o que vi há oito anos se repete: falatório demais, trabalho de menos.
Explico melhor. Assim como agora, em 2002 acompanhava sessões de Câmara em Araraquara. O que deveria ser uma reunião para análise de projetos benéficos ao município acabava se tornando um verdadeiro palco, onde cada parlamentar queria se aparecer mais do que o outro. E agora vejo a mesma coisa acontecendo nas sessões que acompanho em Santa Bárbara d’Oeste. Requerimentos são discutidos exaustivamente, a tribuna chega a ser usada para falas desrespeitosas entre os adversários, e vereadores aproveitam o espaço para discursar sobre assuntos que às vezes nem têm a ver com pauta do dia.
Para fazer a “prova dos nove”, resolvi outro dia acompanhar pela televisão a sessão de Piracicaba. A mesma situação: falatório, discussões inúteis, apartes intermináveis, projetos inconstitucionais sendo discutidos apesar de já terem sido vetados, e um jogo de cena perfeito de quem já está em campanha.
Pensando um pouco mais no assunto, lembrei o que essas três Câmaras têm em comum: a transmissão ao vivo, seja pela televisão ou internet. Não sou contra a transmissão, acho inclusive salutar que a população tenha acesso às discussões do Legislativo. O que sou contra é o uso da sessão para campanha política, ofensas sem sentido e apresentação de projetos claramente eleitoreiros.
Sessões que deveriam durar quatro horas acabam se estendendo por seis, sete horas, por causa de debates inúteis. Os parlamentares esquecem que o povo não tem nem tempo e nem paciência para esse tipo de discussão. Não adianta subir na tribuna e esbravejar, gritar, falar contra o prefeito e prometer mundos e fundos. A consciência política do brasileiro está melhorando a cada eleição. O que a população busca agora são resultados, e não discussões vazias. O vereador vai conquistar o voto trabalhando bastante. E isso, com certeza, não é aparecer uma vez por semana na Câmara, apenas durante a sessão.

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