Na última segunda-feira do ano vim trabalhar, já pensando nos dois dias
seguintes que teria de folga. Assim como milhares de pessoas, vim trabalhar
pensando que seria melhor ter conseguido emendar os três dias, e por isso meu
humor não estava dos melhores. Não que estivesse mal humorada, mas não estava
dando risada à toa. Independente disso, sempre penso que, já que temos de
cumprir uma obrigação, temos de fazê-lo da melhor maneira possível.
Imbuída do espírito “vamos chegar e terminar logo”, antes de começar o
trabalho resolvi almoçar. Naquelas mudanças de planos de última hora, decidi
não almoçar logo na entrada da cidade, e segui para o restaurante mais próximo
ao jornal. Encontrei o colega André Thieful, almoçamos juntos, fiz umas
comprinhas de última hora e desci ao carro estacionado na garagem coberta.
André me acompanhou, e percebeu que uma mulher me olhava, como se me
conhecesse. Eu somente a notei quando já estava dentro do carro, e ainda fiquei
na dúvida se ela estava realmente sorrindo para mim, porque não a conhecia.
Foi aí que a mágica do meu dia começou. Essa mulher veio até o carro,
perguntou se eu era do Liberal, e disse que havia me reconhecido no
restaurante. Depois, ela falou que lê tudo o que escrevo, e que, em sua
opinião, eu passo mensagens boas às pessoas. Não vou negar que fiquei
lisonjeada, ainda mais quando ela disse que gostava de mim como se fosse uma
filha. Para finalizar, essa mulher me abraçou e, muito emocionada, começou a me
desejar e a minha família as melhores coisas possíveis para este ano. Não me
contive, e ambas choramos. Talvez o momento, o final de ano, a emoção dessa
mulher tenham me feito chorar. Não sei dizer. Apenas sei que, quando cheguei à
redação e contei ao meu editor Carlos Ventura o que havia acontecido, foi difícil
segurar o choro novamente. Carlão então me falou algo importante: eu havia
acabado de ganhar um belo presente de final de ano.
Não conto isso para me vangloriar. Afinal, como essa mulher gosta muito
do que escrevo, tem muita gente que com certeza detesta. Artigos opinativos são
passíveis de despertar na mesma proporção admiração e desprezo, amor e ódio.
Tenho consciência de que não sou unanimidade, e nem tenho essa pretensão.
Mas conto isso para lembrar o quanto nossas palavras são importantes.
Do mesmo modo que podemos semear com nossos textos algo bom, podemos conseguir
também disseminar sentimentos ruins. Nas redes sociais é possível ver o quanto
atingimos as pessoas, a cada “curtir” em uma frase, ou a cada discussão surgida
por causa de uma opinião. Essa mulher mais uma vez me fez ver que, quando
escrevo, posso tirar o melhor ou o pior das pessoas. Espero conseguir, na
maioria das vezes, a primeira opção com meus textos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário