segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Um presente de final de ano


Na última segunda-feira do ano vim trabalhar, já pensando nos dois dias seguintes que teria de folga. Assim como milhares de pessoas, vim trabalhar pensando que seria melhor ter conseguido emendar os três dias, e por isso meu humor não estava dos melhores. Não que estivesse mal humorada, mas não estava dando risada à toa. Independente disso, sempre penso que, já que temos de cumprir uma obrigação, temos de fazê-lo da melhor maneira possível.
Imbuída do espírito “vamos chegar e terminar logo”, antes de começar o trabalho resolvi almoçar. Naquelas mudanças de planos de última hora, decidi não almoçar logo na entrada da cidade, e segui para o restaurante mais próximo ao jornal. Encontrei o colega André Thieful, almoçamos juntos, fiz umas comprinhas de última hora e desci ao carro estacionado na garagem coberta. André me acompanhou, e percebeu que uma mulher me olhava, como se me conhecesse. Eu somente a notei quando já estava dentro do carro, e ainda fiquei na dúvida se ela estava realmente sorrindo para mim, porque não a conhecia.
Foi aí que a mágica do meu dia começou. Essa mulher veio até o carro, perguntou se eu era do Liberal, e disse que havia me reconhecido no restaurante. Depois, ela falou que lê tudo o que escrevo, e que, em sua opinião, eu passo mensagens boas às pessoas. Não vou negar que fiquei lisonjeada, ainda mais quando ela disse que gostava de mim como se fosse uma filha. Para finalizar, essa mulher me abraçou e, muito emocionada, começou a me desejar e a minha família as melhores coisas possíveis para este ano. Não me contive, e ambas choramos. Talvez o momento, o final de ano, a emoção dessa mulher tenham me feito chorar. Não sei dizer. Apenas sei que, quando cheguei à redação e contei ao meu editor Carlos Ventura o que havia acontecido, foi difícil segurar o choro novamente. Carlão então me falou algo importante: eu havia acabado de ganhar um belo presente de final de ano.
Não conto isso para me vangloriar. Afinal, como essa mulher gosta muito do que escrevo, tem muita gente que com certeza detesta. Artigos opinativos são passíveis de despertar na mesma proporção admiração e desprezo, amor e ódio. Tenho consciência de que não sou unanimidade, e nem tenho essa pretensão. 

Mas conto isso para lembrar o quanto nossas palavras são importantes. Do mesmo modo que podemos semear com nossos textos algo bom, podemos conseguir também disseminar sentimentos ruins. Nas redes sociais é possível ver o quanto atingimos as pessoas, a cada “curtir” em uma frase, ou a cada discussão surgida por causa de uma opinião. Essa mulher mais uma vez me fez ver que, quando escrevo, posso tirar o melhor ou o pior das pessoas. Espero conseguir, na maioria das vezes, a primeira opção com meus textos. 

Nenhum comentário: