Finalmente, menos de dois meses após ter assumido a tão desejada Comissão
de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, o deputado federal e pastor Marcos
Feliciano (PSC-SP), aproveitou a véspera do feriado de 1º de maio para mostrar
suas afiadas garras e incluir na próxima reunião do colegiado, nesta
quarta-feira, a discussão sobre o projeto de lei polêmico que permite a
psicólogos tratarem a homossexualidade como uma doença, a chamada “cura gay”.
Apesar de já ter declarado vários vezes não ser homofóbico, a inclusão
do citado projeto mostra claramente a que veio o pastor: impor seus dogmas
religiosos a um Estado que, pelo menos em nossa Constituição, é laico. Para
muitas religiões – inclusive o catolicismo – a homossexualidade é vista como um
pecado, passível das punições de Deus. Já ouvi muitas pessoas dizerem que “amam
o homossexual, mas não suas ações”. Ou seja, ser gay não é a raiz do problema.
O não aceitável, como sempre, é a prática do sexo entre dois homens ou duas
mulheres.
Não vou entrar aqui no mérito se isso é pecado ou não. Se for, cada um
tem a sua consciência e se acerta com Deus depois, quando morrer, ou antes, se
houver o Juízo Final. Porém, independente de ser um evento ofensivo em termos
religiosos, ser homossexual no Brasil não é crime. Sendo assim, a orientação
sexual das pessoas não deve dizer respeito ao Estado, a não ser nos casos em
que elas precisem de proteção.
E aí entram os outros dois projetos que serão discutidos: a
criminalização da discriminação contra homossexuais e heterossexuais. Sou
heterossexual “assumida” e, nos meus 41 anos de vida, nunca me senti
discriminada por isso. Já me senti sim discriminada por ser acima do peso, por
não ter casado, por ter optado em não ser mãe, até mesmo por ter tido câncer de
mama. Mas nunca me senti discriminada por ser heterossexual. Muito pelo
contrário, minha “orientação sexual” nunca foi motivo de piadas ou
questionamentos. Concluindo, não acredito que haja necessidade de um projeto
que “criminalize” essa suposta discriminação, uma vez que ela não existe.
Mas já vi muitos amigos homossexuais serem discriminados em ambientes
de trabalho, de lazer, até mesmo dentro da própria família. Já vi olhares de
soslaio, piadas ofensivas, quando não a própria agressão física, pura e
simplesmente porque algum imbecil havia acreditado, em sua “macheza”, que
“homem tem de ser homem, e parar com sem-vergonhice”. Apenas para se ter uma
ideia: em 2012, 338 homossexuais foram mortos no Brasil, contra 266 em 2011,
registrando um aumento de 21% de casos no período, ou uma morte a cada 26 horas.
Sendo assim, só não vê quem não quer – ou é homofóbico – que o projeto de
criminalização da homofobia está mais do que na hora de ser aprovado e colocado
em prática no Brasil.
2 comentários:
Torço para que meu filho de 6 anos venha a conhecer um mundo de pessoas mais justas e boas de coração. Filho, aliás, que já sabe o que é gay e, mesmo assim, com sua idade inocente os trata com muito carinho, longe da homofobia! Adorei seu blog e seus textos.
Parabéns!!!!
Fabi
Vergonha!
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