A semana que
passou foi marcada pela polêmica das declarações das cantoras Joelma, que
comparou homossexuais a drogados, e Daniela Mercury, que em uma rede social
postou fotos suas e de sua namorada, assumindo publicamente um romance que,
segundo consta sem sites de fofocas, teria sido iniciado no Carnaval. As
reações, como esperado, se dividiram entre os que apoiam a loira famosa pelo
visual extravagante, e a baiana que, a despeito de cantar um ritmo que eu não
suporto, pode ser considerada a primeira artista de sucesso do axé.
O debate
sobre a homossexualidade no Brasil tem tomado proporções nunca antes vistas
desde que o pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), considerado racista e homofóbico,
assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Está mais do
que claro que o pastor não quer abrir mão de seu cargo para barrar os direitos
conquistados por essas minorias, a seu ver pecadores. Assim, em um estado
laico, um religioso consegue um posto importante para tentar impor seus dogmas
religiosos a toda uma sociedade.
Na
sexta-feira, aproveitando que o tema está em alta, a cantora gospel Perlla
anunciou publicamente seu apoio ao pastor, indo contra a grande maioria dos
artistas, que repudiam Feliciano como presidente da Comissão. Diga-se de
passagem, a hoje convertida Perlla era cantora de funk e vivia saindo em sites
e revistas de subcelebridades em roupas e poses provocativas. Direito total
dela ser vulgar num dia e religiosa no outro, mas é inaceitável que agora se
ache a guardiã da moral e dos bons costumes.
O que me
chama a atenção nisso tudo é como as pessoas, em pleno século 21, com tanta
coisa grave acontecendo, em um mundo tão conturbado e cheio de violência como o
nosso, ainda tenham como principal preocupação querer determinar a vida sexual
dos outros. Ou melhor, determinar a vida sexual das mulheres e dos
homossexuais, porque aos homens tudo é sempre permitido e até mesmo estimulado,
mesmo que o comportamento seja completamente reprovável do ponto de vista da
“família” que essas pessoas tanto defendem.
A mim pouco
importa se uma mulher sai com um, dois, dez ou duzentos homens em sua vida.
Isso, em minha concepção, é um problema apenas dela. Desde que não esteja
prejudicando ninguém, que não esteja cometendo nenhum crime, quem sou eu para
julgar com quem ela vai ou deixa de ir para a cama?
Da mesma
maneira, não é de minha conta a vida sexual dos meus amigos. Aliás, tenho
excelentes amigos homossexuais, pessoas maravilhosas, honestas, trabalhadoras,
que respeitam suas famílias, e que são respeitadas onde quer que estejam,
independente de sua orientação sexual.
Já escutei
muita gente falar que o maior problema é que homossexuais são promíscuos e
nunca constituem família. E um homem que a cada dia está com uma mulher é o
que? Um exemplo a ser seguido? Por que dos homens não é cobrado um
comportamento de fidelidade e a promiscuidade é vista como normal, e quando se
trata de homossexuais passa a ser um problema grave?
Está na hora
de nos preocuparmos mais com problemas verdadeiramente importantes, e menos em
tirar direitos adquiridos de quem sofre preconceito em nossa sociedade. Pastor
Feliciano e suas ideias retrógradas e absurdas não me representam. Se as
pessoas pensassem mais em sociedade e paz, e menos em vigiar a vida sexual dos
outros, talvez o mundo fosse um lugar melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário