domingo, 7 de abril de 2013

Sexo, o assunto do momento



A semana que passou foi marcada pela polêmica das declarações das cantoras Joelma, que comparou homossexuais a drogados, e Daniela Mercury, que em uma rede social postou fotos suas e de sua namorada, assumindo publicamente um romance que, segundo consta sem sites de fofocas, teria sido iniciado no Carnaval. As reações, como esperado, se dividiram entre os que apoiam a loira famosa pelo visual extravagante, e a baiana que, a despeito de cantar um ritmo que eu não suporto, pode ser considerada a primeira artista de sucesso do axé.
O debate sobre a homossexualidade no Brasil tem tomado proporções nunca antes vistas desde que o pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), considerado racista e homofóbico, assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Está mais do que claro que o pastor não quer abrir mão de seu cargo para barrar os direitos conquistados por essas minorias, a seu ver pecadores. Assim, em um estado laico, um religioso consegue um posto importante para tentar impor seus dogmas religiosos a toda uma sociedade.
Na sexta-feira, aproveitando que o tema está em alta, a cantora gospel Perlla anunciou publicamente seu apoio ao pastor, indo contra a grande maioria dos artistas, que repudiam Feliciano como presidente da Comissão. Diga-se de passagem, a hoje convertida Perlla era cantora de funk e vivia saindo em sites e revistas de subcelebridades em roupas e poses provocativas. Direito total dela ser vulgar num dia e religiosa no outro, mas é inaceitável que agora se ache a guardiã da moral e dos bons costumes.
O que me chama a atenção nisso tudo é como as pessoas, em pleno século 21, com tanta coisa grave acontecendo, em um mundo tão conturbado e cheio de violência como o nosso, ainda tenham como principal preocupação querer determinar a vida sexual dos outros. Ou melhor, determinar a vida sexual das mulheres e dos homossexuais, porque aos homens tudo é sempre permitido e até mesmo estimulado, mesmo que o comportamento seja completamente reprovável do ponto de vista da “família” que essas pessoas tanto defendem.
A mim pouco importa se uma mulher sai com um, dois, dez ou duzentos homens em sua vida. Isso, em minha concepção, é um problema apenas dela. Desde que não esteja prejudicando ninguém, que não esteja cometendo nenhum crime, quem sou eu para julgar com quem ela vai ou deixa de ir para a cama?
Da mesma maneira, não é de minha conta a vida sexual dos meus amigos. Aliás, tenho excelentes amigos homossexuais, pessoas maravilhosas, honestas, trabalhadoras, que respeitam suas famílias, e que são respeitadas onde quer que estejam, independente de sua orientação sexual.
Já escutei muita gente falar que o maior problema é que homossexuais são promíscuos e nunca constituem família. E um homem que a cada dia está com uma mulher é o que? Um exemplo a ser seguido? Por que dos homens não é cobrado um comportamento de fidelidade e a promiscuidade é vista como normal, e quando se trata de homossexuais passa a ser um problema grave?
Está na hora de nos preocuparmos mais com problemas verdadeiramente importantes, e menos em tirar direitos adquiridos de quem sofre preconceito em nossa sociedade. Pastor Feliciano e suas ideias retrógradas e absurdas não me representam. Se as pessoas pensassem mais em sociedade e paz, e menos em vigiar a vida sexual dos outros, talvez o mundo fosse um lugar melhor.


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