quinta-feira, 14 de junho de 2012

Aprendendo a arte do desapego

Nesse feriado resolvi que ia aproveitar minha folga e arrumar meu guarda-roupa. Parecia uma coisa prosaica, tirar tudo de dentro, limpar e colocar tudo de volta. Dizer a verdade, já havia começado na semana anterior o trabalho, quando limpando apenas duas partes dele tirei duas sacolas de roupas (algumas delas usadas apenas uma vez) e separei para entregar à doação. Na sexta-feira dei início então ao “grosso” do trabalho. Entre tirar papelada, caixas, livros, roupas e uma infinidade sem fim de tranqueiras, levei a tarde toda. Enquanto escrevo esse artigo, minha cama está parecendo uma loja daquelas que vendem todo tipo de coisa e onde os objetos são dispostos sem organização alguma. Tenho fama de consumista e admito esse meu pecado. Quando vejo a palavra “promoção”, parece que meus olhos ficam maiores e, a despeito de muitas vezes não precisar de nada daquilo que está sendo oferecido, acabo comprando alguma coisa, afinal, “estava muito barato”. Sei que mulher sempre acha que precisa de mais sapato, mais bolsa, mais roupa... Mas comprar apenas por comprar sempre foi um defeito meu que tenho tentado corrigir já há algum tempo. Não faço dívidas impagáveis por conta disso – graças a Deus, fui educada por duas pessoas que me ensinaram que a coisa mais valiosa que temos é o nosso nome, e sou incapaz de ficar devendo algo a uma pessoa. Mas voltando ao guarda-roupa. Achei muita coisa que nem lembrava mais que tinha e, se não me recordava delas, era porque não tinham valor para mim. Dito isso, comecei a tirar tudo que eu achava que não devia mais guardar, e também e organizar aquilo que ainda está em uso. Dizem que quando a gente faz isso abre espaço para novas coisas. Não sei se é verdade, mas ver aquele espaço que estava atulhado de tudo que é coisa agora organizado e com espaço para que eu consiga enxergar o que tem nele me deu uma sensação muito boa. Ainda não terminei o trabalho, mas a parte mais difícil, que era separar o que não estava em uso para ser entregue a quem realmente saiba valorizar, já foi feita. E aí me lembrei da famosa “arte do desapego”. Não sei o porquê sou uma pessoa apegada a objetos, livros, roupas, sapatos, enfim, coisas que não me servem mais. Guardo muita coisa porque “pode ser que eu precise”. No caso dos livros, aqueles que eu sei que vou reler estão em minha estante, mas comecei a participar das trocas promovidas pelas bibliotecas, e cada vez que volto com novos títulos para casa sinto prazer em saber que as histórias que já conheço serão compartilhadas com outras pessoas, assim como eu conhecerei outras tramas. Minha mãe disse que eu me sentiria mais leve fazendo isso. Ainda brinquei que para me sentir mais leve eu preciso de muita dieta e caminhada... Mas ela tinha razão. Olhando o que separei para levar embora, me senti realmente mais leve. Aprender a arte do desapego não é fácil, mas vale muito a pena. Desapego de coisas, desapego de sentimentos ruins. Abrir espaço para o novo, tanto material quanto sentimentos. Filosofia de vida nova, com muito aprendizado pela frente.

Nenhum comentário: