domingo, 13 de maio de 2012

Amor além da minha compreensão

Uma vez escrevi aqui sobre o direito de não ser mãe. Para quem não sabe, eu nunca quis ter filhos, a despeito do fato de adorar crianças. Algumas vezes até cheguei a me considerar egoísta por essa decisão, mas ainda assim arquei com suas consequências. Por um desses acasos do destino, uma decisão que antes era apenas a minha vontade hoje é compulsória, porque por problemas de saúde não posso mais engravidar. Esse é um problema que nunca me incomodou, visto que minha decisão de não ser mãe deve ter sido tomada desde que tenho consciência sobre o assunto. Uma das consequências dessa decisão é não saber o que significa o “amor incondicional de mãe”. Sei muito bem o que é o amor de tia e madrinha. Amo minhas sobrinhas Juliana e Isabela como se fossem minhas filhas, mas tenho consciência de que minhas responsabilidades e preocupações com elas estão a anos-luz de distância da que seus pais têm. E sempre me surpreendo em ver como o amor materno é algo que transcende todos os sentimentos que imagino já ter sentido em minha vida. Posso não saber o que é o amor de mãe, mas sei muito bem o que é o amor de filha. Não sou a melhor filha do mundo, acho até que peço em muitas coisas em relação a minha mãe, poderia ser mais paciente e mais compreensiva com algumas de suas atitudes, mas talvez seja o fato de saber que ela me aceita como sou que me permite ser assim. Minha mãe é aquilo que costumamos chamar de “pessoa do bem”. Ajuda quem pode, cuida de quem precisa, é amiga de todo mundo. Algumas vezes até acho que as pessoas se aproveitam desse jeito dela, mas tenho de aceitar que ela seja assim e se doe a quem quiser. Fazemos hidroginástica juntas e, quando vou sozinha, todas as nossas colegas vêm me perguntar o que houve e, se algo está errado, várias telefonam em minha casa para saber como ela está. Seu jeito alegre e conversador (sim, eu tenho a quem puxar!) acaba fazendo dela uma pessoa fácil de fazer amizade e se dar bem. Talvez eu tenha entendido em parte o que significa amor de mãe quando fiquei doente, em 2008. Além de cuidar de mim durantes as cirurgias, minha mãe me acompanhava às sessões de quimioterapia e, sabendo do meu verdadeiro pavor por agulhas, ficava ali segurando minha mão para eu me acalmar. Não que eu ficasse calma, mas era reconfortante saber que ela estava ali o tempo todo. Somente uma mãe fica assim ao lado da cria – sofrendo junto, mesmo que seja sem derramar lágrimas. Eu nunca vou saber o que é ter esse amor à prova de tudo. Mas com certeza sei que eu tenho uma mãe maravilhosa, mas aproveito para desejar à ela e a todas as mães um dia muito feliz, de todo o coração.

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